Comentário

Venezuela: multiplicam-se as agressões

João Pimenta Lopes

Já sabemos que a Venezuela é um tema de eleição no Parlamento Europeu, quer em número de resoluções, quer no alargado número de discussões promovidas nas delegações do PE que tratam os temas da América Latina. A forma de promover a discussão é tendenciosa: escuta-se apenas elementos da dita «oposição democrática», a mesma que tem promovido a violência e a desestabilização política, económica e social no país. Estão sempre ausentes os que podem garantir, no mínimo, o contraditório, repondo alguma verdade sobre as causas e o papel daquela dita «oposição» na situação do país.

Foi assim sem surpresa que o PE laureou com o prémio Sakharov essa dita «oposição», com elementos de movimentos e partidos reaccionários com ligações a tentativas de golpes de estado, atentados e a organizações paramilitares.

Foi assim, igualmente sem surpresa, que na última sessão plenária se fez aprovar à pressa e numa aviltante violação das regras do próprio PE uma resolução sobre a Venezuela. A resolução visava um único objectivo: afirmar por antecipação que o Parlamento Europeu não reconheceria o acto eleitoral marcado para o próximo dia 20 de Maio, que determinará a eleição do presidente da República Bolivariana da Venezuela e a definição do próximo governo do país. A par das habituais distorções e vociferações contra a revolução bolivariana, a resolução omitiu grosseiramente o papel da dita «oposição» no boicote deliberado às eleições, tal como no boicote ao diálogo político, ao recusar-se a assinar o acordo que havia já sido negociado entre ambas as partes, em Fevereiro passado. Uma saída das negociações com o alto patrocínio dos EUA e da UE, que aumentaram o tom de ingerência contra a Venezuela, aprofundando as brutais sanções económicas e financeiras àquele país.

Pouco importa se se desrespeita regras básicas do debate democrático ou regimentais. Pouco importa se se falta à verdade. Importa sim, manter a atitude de afrontamento, ingerência e perturbação sobre um país soberano. O PE serve assim o propósito para o qual tem sido orientado: ser um instrumento de aparente legitimação democrática das decisões da Comissão e do Conselho, das suas políticas capitalistas, de exploração e empobrecimento dos povos, e também das suas políticas de agressão a outros povos e de recorte neocolonial.

Foi com os votos favoráveis de PS, PSD e CDS que se aprovou a última resolução do PE (tal como aconteceu com as anteriores), desprezando assim os interesses da comunidade portuguesa na Venezuela, que são comprometidos com a permanente desestabilização e agressão àquele país.

A Venezuela precisa de serenidade e de paz, de respeito pela sua soberania e ordem constitucional, de modo a superar as dificuldades com que se defronta.

Os deputados do PCP no PE, que votaram contra a resolução, afirmaram a solidariedade com o povo venezuelano e a comunidade portuguesa na Venezuela. Uma solidariedade que será expressa nos próximos dias em Caracas, acompanhando directamente o acto eleitoral.

 



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