Trabalham mas não saem da pobreza e vivem nos países ricos
POBREZA Dados divulgados na semana passada pela OCDE vêm de novo lembrar que em muitos países, designadamente na União Europeia, uma percentagem importante de trabalhadores vive na pobreza.
A pobreza laboral atinge trabalhadores de países desenvolvidos
Os números coligidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) referem-se grosso modo a 2015, incluindo igualmente dados disponíveis mais recentes.
Os 35 países que a integram são quase todos descritos como economias de alto rendimento (com excepção do México e da Turquia, cujas economias são classificadas como de rendimento médio alto).
Apesar disso, mesmo nos estados mais «desenvolvidos», a pobreza laboral é um fenómeno largamente difundido e por vezes comparável a países com um patamar inferior de desenvolvimento económico e social.
Para patentear esta comparação, os dados divulgados incluem uma selecção de países não membros da OCDE.
Podemos assim constatar com indisfarçável surpresa que a África do Sul tem uma percentagem menor de trabalhadores pobres (11,7%) do que países membros da OCDE, à partida mais ricos, como a Itália (12,4%), a Grécia (13.1%) ou o poderoso Japão (13,3%).
Vemos ainda que a Federação Russa, com 13,7 por cento de trabalhadores pobres, está, a este respeito, em melhor situação do que países membros da OCDE como o Chile (13,8%), Israel (14,2%) e a própria Espanha, que é a quinta maior economia da União Europeia e conta com 14,8 por cento de trabalhadores pobres.
Aliás, a Espanha é o país da União Europeia com maior percentagem de trabalhadores em risco de pobreza. Portugal, com nove por cento, está sensivelmente a meio da tabela.
Ao contrário do Eurostat, que contabiliza a parte dos trabalhadores pobres, vistos individualmente em relação ao conjunto das pessoas em actividade, a OCDE determina a percentagem de pessoas de cada agregado, onde pelo menos um membro trabalha, que vive abaixo do limiar da pobreza.
Para a OCDE o limiar da pobreza equivale a um rendimento inferior a 50 por cento do rendimento mediano de um país.
Estes dados (disponíveis em http://www.oecd.org/fr/social/ministerielle/) foram preparados para a reunião ministerial sobre políticas sociais, realizada na segunda e terça-feiras, dias 14 e 15, em Montreal, no Canadá.