Contestação às políticas de Macron amplia-se em França

CONVERGÊNCIA Ferroviários, estudantes, trabalhadores da Saúde e dos correios manifestam-se, dia 13, em Paris, num desfile conjunto entre a estação de Metro Tolbiac até à Gare de Austerlitz.

A marcha foi encabeçada pelos ferroviários que entraram entretanto na sua terceira semana de greves contra a privatização da companhia de caminhos-de-ferro, seguiam-se estudantes do Superior em luta contra a lei de selecção das admissões nas universidades e carteiros contra o despedimento de um sindicalista.

O desfile foi ainda engrossado por trabalhadores dos hospitais de Paris que contestam a redução de postos de trabalho nos hospitais públicos da capital francesa. Durante a manifestação ouviram-se apelos à «greve geral» e à «resistência» em unidade contra as políticas de Macron.

Na véspera, a célebre universidade de Sorbonne, em Paris, símbolo da contestação estudantil em Maio de 1968, foi evacuada pelas forças policiais, pondo fim à ocupação estudantil que durava há vários dias.

Outros estabelecimentos de ensino superior, como o de Nanterre, perto da capital francesa, foram evacuados e encerrados pela polícia, após semanas de protestos. O centro Tolbiac da Universidade de Paris I, ocupado desde 26 de Março, era dos poucos que resistia no passado fim-de-semana.

De acordo com dados do Ministério do Ensino Superior, divulgados dia 13, quatro universidades, num total de 70, estavam bloqueadas ou encerradas, e em dez instalações, num total de 400, registavam-se bloqueios e ocupações.

Função pública mobiliza-se

Por sua vez, sete sindicatos da função pública convocaram, dia 10, uma jornada de greves e manifestações para 22 de Maio.

As acções visam contestar o projecto de reforma dos serviços públicos e exigir o aumento dos salários e a recuperação do poder de compra.

Num comunicado conjunto, CGT, FO, FSU, Solidaires, CFTC, CFE-CGC e FA-FP declaram opor-se aos objectivos do governo de «reduzir o perímetro da acção pública com a perspectiva de abandonar, na verdade de privatizar, missões públicas».

Após a jornada de luta no sector a 22 de Março, os sindicatos lamentam a falta de resposta do governo às revindicações, a opção pela contratação de trabalhadores sem direitos, num claro ataque ao estatuto do funcionário público, e condenam o plano de redução de 120 mil postos de trabalho nos serviços públicos.

Na Air France a maioria dos sindicatos aceitou, dia 11, negociar as novas propostas da administração, mas manteve as convocatórias de greve.

Ao sétimo dia de greve, a empresa prometeu uma subida de salários, segundo um plano plurianual, e elevou para dois por cento (em vez de 1%) a proposta de aumento geral já este ano. A empresa reconheceu que as greves obrigaram à anulação de mais de 70 por cento dos voos, provocando prejuízos de 170 milhões de euros.




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