Pôr o lucro acima da vida
Jerónimo de Sousa voltou a confrontar o primeiro-ministro com as falhas da Altice/PT na reposição das comunicações nas áreas atingidas pelos incêndios, criticando o Governo por não estar a fazer tudo o que deveria.
«O Governo não pode olhar passivamente para o problema remetendo a solução para a empresa que foi privatizada e que passou a colocar os lucros acima da vida das pessoas», sublinhou o líder comunista, depois de trazer a lume o caso conhecido uma semana antes relativo às circunstância em que ocorreu o trágico falecimento de uma mulher cujo marido, de idade e doente, teve de andar dois quilómetros a pé até poder utilizar um telefone para chamar o 112.
Esta situação só confirma a preocupação já anteriormente expressa pelo Secretário-geral do PCP noutro debate quinzenal: «a PT/Altice está a recusar a reposição do serviço telefónico nas áreas atingidas pelos incêndios e está a transferir para cima das pessoas o custo pela reposição do serviço».
Naquele mesmo dia, aliás, veio também a público a notícia de que estariam a ser distribuídos telemóveis a idosos sem telefone, só que com um «pequeno problema», notou com ironia Jerónimo de Sousa: «não havia rede».
Daí que tal quadro evidencie não só a «importância de recuperar o controlo público da PT», como também a «necessidade de o Governo intervir para que as comunicações sejam rapidamente repostas e os direitos das populações defendidos», afirmou o dirigente comunista.
António Costa referiu que no ano passado arderam «três mil quilómetros de cabo e foram destruídos 45 mil postos de cablagem», informando que à ANACOM foi transmitido pelas operadoras que «99,5% dos casos estão restabelecidos».
O que a ANACOM detectou, especificou, «foi a existência de 14 freguesias no conjunto do País nos concelhos das Sertã, Gouveia, Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra onde o serviço não está ainda restabelecido».
É esse restabelecimento integral do serviço que a ANACOM tem que assegurar, disse António Costa, acrescentando que lhe compete «também fiscalizar a existência de práticas comerciais desleais», porque «importa não só restabelecer o serviço» como fazê-lo no «respeito pelos direitos dos consumidores».
Informou, por fim, que todas as queixas recebidas pelo Governo têm sido remetidas à ANACOM, e que esta «abriu uma investigação específica» ao caso concreto da senhora falecida na freguesia de Troviscal, Sertã.