Terroristas violam cessar-fogo na Síria
GUERRA Diplomatas sírios e russos denunciaram, na ONU, os crimes cometidos na Síria por terroristas armados pelo Ocidente. Esses bandos, nestes dias, atacam civis e violam o cessar-fogo em Goutha Oriental.
Os terroristas impedem ajuda humanitária
Grupos de terroristas atacaram, na terça-feira, 27, com tiros de morteiro, instalações situadas no corredor humanitário estabelecido pelas autoridades sírias para a saída de civis, na região de Goutha Oriental, nos arredores de Damasco.
Segundo a agência noticiosa SANA, o forte ataque, visando impedir a retirada de pessoas em risco para zonas seguras, foi levado a cabo pelos grupos de terroristas da Frente para a Libertação do Levante (antes chamada Frente al-Nusra), ligados à Al-Qaida, e por outras facções.
A acção teve lugar logo que o exército sírio estabeleceu a trégua humanitária diária de cinco horas, com o propósito de evacuar civis, entre os quais crianças, mulheres e idosos, através de um corredor humanitário.
A trégua, seguida pelas forças governamentais, responde a uma decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no sábado, 24, que estabeleceu um cessar-fogo de 30 dias na Síria, para permitir a ajuda humanitária a populações em risco. A deliberação da ONU não abrange os terroristas do «Estado Islâmico», da Frente al-Nusra e de bandos afins.
A Federação Russa, através do ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguéi Lavrov, apelou à coligação internacional liderada pelos Estados Unidos que assegure o cumprimento da Resolução 2401 da ONU sobre o cessar-fogo em todo o território da Síria.
Durante os debates no Conselho de Segurança, os representantes russo e sírio acusaram os EUA e os seus aliados de armarem os grupos terroristas que, tal com aconteceu antes, em Aleppo, agora em Ghouta Oriental bombardeiam populações e utilizam civis como reféns.
O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzya, denunciou a campanha de propaganda ocidental, que esconde o apoio de Washington a terroristas e as manobras estado-unidenses visando dividir a Síria.
Já o representante permanente da Síria, Bashar al-Jaafari, revelou ataques terroristas, a partir de Ghouta, com o lançamento diário de centenas de rockets contra populações civis de Damasco, causando mortos e feridos. E lembrou os incontáveis massacres cometidos nos últimos sete anos na Síria pelos terroristas armados e financiados pelos EUA e outras grandes potências da NATO, como a França e o Reino Unido, e seus aliados no Médio Oriente.
Declaração de voto do PCP
relativa ao voto do BE sobre a Síria
O PCP é solidário com os homens, mulheres e crianças vítimas da guerra de agressão contra a República Árabe Síria, exigindo o fim da hedionda agressão que está na origem da morte, destruição e sofrimento que têm sido impostos desde há sete anos àquele país.
Por isso rejeitamos a propaganda que visa branquear a agressão e os seus responsáveis, assim como os reais objectivos de quem a faz, defende ou promove.
A questão que verdadeiramente está colocada é a de saber quem está do lado da paz, da defesa da soberania dos estados e da solução política e pacífica dos conflitos, da defesa dos direitos; e quem, reproduzindo a propaganda de guerra, se coloca do lado das agressões, do desrespeito da Carta das Nações Unidas e da legalidade internacional, da destruição de estados soberanos, da ingerência, da morte e da destruição.
Depois de terem criado, financiado e armado o Daesh, dividido o Iraque e promovido a guerra na Síria, os Estados Unidos da América e os seus aliados – em especial Israel, Turquia e França – procuram superar a derrota infligida aos seus grupos terroristas e retomar, agora pelas suas próprias mãos, o objectivo da divisão da Síria – tal como fizeram no Iraque e na Líbia.
Apoiam-se uma vez mais numa gigantesca operação mediática que reproduz a propaganda de guerra para dar suporte aos seus objectivos.
Títulos e textos de notícias exactamente iguais em todo o mundo. Reportagens e imagens chocantes interpretadas com as mesmas legendas e comentários. Um dito «observatório» sedeado em Londres a ser utilizado como «fonte inquestionável» sobre a situação na Síria.
Tudo a acontecer hoje como aconteceu com as inventadas armas de destruição massiva do Iraque ou na preparação para a agressão à Líbia.
O BE opta por cavalgar a onda mediática e reproduz toda a propaganda de guerra dos Estados Unidos e dos seus aliados, apresentando um voto que poderia ter sido subscrito pelo próprio Donald Trump.
Não estranha que o façam depois de terem branqueado e apoiado objectivamente a agressão à Líbia, com todo o seu rol de morte, sofrimento e destruição.
O voto do BE esconde por completo o facto de grupos terroristas, como o Jabhat al-Nusra, terem recusado terminantemente a possibilidade da sua saída pacífica da região de Ghouta e continuarem a bombardear zonas residenciais de Damasco.
O voto do BE esconde que os sucessivos apelos à deposição das armas e as tentativas de iniciar negociações de paz nos subúrbios de Damasco têm esbarrado na recusa por parte dos grupos terroristas que insistem em prosseguir a sua ação de morte e destruição, mantendo como refém a população.
O voto do BE esconde que os contínuos esforços de prestar ajuda humanitária e de socorrer as populações têm vindo a ser constantemente e premeditadamente boicotados pela ação dos grupos terroristas.
O voto do BE esconde por completo a acção que os Estados Unidos e os seus aliados têm vindo a desenvolver no sentido de dar cobertura a grupos terroristas como o Daesh e o Jabhat al-Nusra, nomeadamente permitindo que continuem a sua acção terrorista a coberto de um regime de cessar-fogo imposto apenas às forças militares que os combatem.
O voto do BE esconde por completo a tentativa dos Estados Unidos e seus aliados de condicionar e impedir – por diversas formas, incluindo através de uma nova escalada militar – o desenvolvimento do processo de negociações, tentando assim entravar a solução pacífica para o conflito que promovem há já sete anos e que pretendem manter.
A opção que o PCP faz é exactamente a oposta.
Solidário com a resistência da Síria e do seu povo em defesa da sua soberania e da integridade territorial da sua pátria face a uma criminosa agressão, o PCP não esconde, e por isso não é conivente, nem é cúmplice, com os agressores e as suas monstruosas criações.
Dirigimos a nossa solidariedade e expressamos o nosso pesar às vítimas da guerra de agressão à Síria, denunciamos os objectivos de promoção da guerra e da destruição daquele país a que o BE aqui dá cobertura, e apelamos ao desenvolvimento de todos os esforços no sentido de pôr fim à agressão e concretizar uma solução pacífica para o conflito no respeito pela soberania do povo sírio.
Assembleia da República, 22 de Fevereiro de 2018