Liderança do ANC exige saída de Zuma
O Comité Executivo do Congresso Nacional Africano (ANC) exigiu ao presidente Jacob Zuma que renuncie ao cargo de presidente da República da África do Sul, pelo seu alegado envolvimento em casos de corrupção.
A decisão foi anunciada na terça-feira, 13, pelo secretário-geral da organização, Ace Magashule, durante uma conferência de imprensa, em Joanesburgo, convocada para dar a conhecer as decisões de uma reunião do órgão dirigente do ANC.
Magashule explicou que decorreram negociações entre o presidente do ANC, Cyril Ramaphosa, e Zuma, tendo em vista respeitar os interesses do país e do ANC e tratar do assunto «com a maior dignidade».
O presidente sul-africano, no cargo desde 2009, aceitou em princípio demitir-se e propôs um período de três a seis meses para fazê-lo oficialmente. A direcção do ANC apreciou esta proposta do presidente Zuma mas teve em conta que a África do Sul «atravessa um período de incerteza e ansiedade resultante da não solução da transição de poder». A situação, segundo Magashule, a arrastar-se, «desgastará as esperanças e a confiança renovadas dos sul-africanos» desde a realização, em Dezembro de 2017, da 54.ª Conferência Nacional do ANC. Por isso, a liderança da organização decidiu actuar com urgência, «para encaminhar o país para maiores níveis de unidade, renovação e esperança».
«Estamos determinados em restaurar a integridade das instituições públicas, criar estabilidade política e recuperar rapidamente a economia», afirmou Magashule. O secretário-geral do ANC denunciou a oposição parlamentar por ter aproveitado o momento para «manobras oportunistas» como a apresentação de uma moção de censura ou o apelo à dissolução do órgão legislativo.
Ainda de acordo com esse dirigente, citado pela Prensa Latina, a liderança do ANC comunicou a Zuma a necessidade de encurtar o prazo da sua demissão e solucionar o assunto rapidamente, o que foi rejeitado pelo presidente. Assim, foi decidido exigir a sua renúncia, de acordo com os estatutos movimento de libertação nacional transformado em partido, que este ano celebrou 106 anos de existência.
O ANC destacou que a medida foi aprovada após «discussões exaustivas» sobre o impacto da decisão no país e no funcionamento do governo. E exortou os sul-africanos à unidade «nas tarefas do crescimento, da criação de empregos e na transformação económica».
Caso o presidente se recuse a abandonar o cargo, o ANC poderá ser forçado a afastar Zuma fazendo aprovar no parlamento uma moção de censura.
Nesse caso, o presidente será substituído à frente do Estado sul-africano por Ramaphosa, que é o actual vice-presidente da República, e o ANC poderá candidatar-se sem a figura impopular de Zuma nas eleições gerais de 2019. E, até lá, trabalhar para cerrar fileiras, melhorar a economia do país, renovar a aliança com o Partido Comunista Sul-Africano e a central sindical Cosatu e reconquistar a confiança de uma ampla maioria do povo, tal como acontece desde 1994, quando se realizaram as primeiras eleições democráticas na pátria de Nelson Mandela.