FARC exige combate à violência que ameaça a paz e as eleições
COLÔMBIA A Força Alternativa Revolucionária do Comum convoca todas as estruturas colombianas a acompanhar um pacto que exigem que o governo subscreva para pôr fim à violência na campanha eleitoral.
Antigos paramilitares de extrema direita estarão na base dos ataques
Em comunicado divulgado segunda-feira, 12, a FARC acusa o presidente Juan Manuel Santos de não estar a cumprir a maioria dos pressupostos da paz assinada no final de 2016, nomeadamente a protecção de ex-guerrilheiros e candidatos a deputados, e líderes populares.
O novo partido político colombiano, que substituiu as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo, denuncia que existe um plano orquestrado de «sabotagem da nossa campanha [às legislativas de 11 de Março e às presidenciais de 27 de Maio]». Exige por isso que as autoridades subscrevam um pacto com mecanismos e instrumentos concretos capazes de salvaguardar a pacificação do país e assegurar a continuação do processo eleitoral. Propõe, além do mais, que os partidos e movimentos políticos, as organizações sociais comunitárias e os meios de comunicação acompanhem a sua observação.
Na sexta-feira, 9, a FARC interrompeu a campanha eleitoral «tendo em conta os factos ocorridos contra os nossos candidatos, principalmente contra Rodrigo Londoño (Timochenko)», que concorre à presidência da Colômbia e foi obrigado a cancelar várias iniciativas. Já anteontem, 13, um dirigente da FARC reuniu com o ministro do Interior e durante o encontro ter-lhe-ão sido oferecidas garantias de segurança suplementares, mas à hora do fecho desta edição o partido mantinha a suspensão das acções de campanha.
Grupos criminosos constituídos por antigos paramilitares de extrema direita estarão na base dos ataques que, desde a assinatura dos acordos de paz entre as FARC-EP e o governo, provocaram a morte a pelo menos 50 ex-guerrilheiros, de acordo com os dados apurados pela a procuradoria-geral. Centenas de activistas e líderes sociais e comunitários, assim como os seus familiares e amigos, têm, igualmente, sido alvo de ameaças e ataques dos quais resultaram dezenas de vítimas mortais, sobretudo nas zonas rurais, onde se regista uma intensa luta de classes pela ocupação dos territórios antes ameaçados pelos combates.
Além de nada fazer perante a «campanha de extermínio e guerra suja», a qual a FARC denuncia que está a ser levada a cabo com o intuito de «liquidar a paz e agudizar as condições do conflito interno», ao executivo liderado por Juan Manuel Santos é também atribuída a responsabilidade pelos atrasos e violações verificados em vários pontos do acordo. Além dos respeitantes à participação política e ao combate ao paramilitarismo, o governo tarda em avançar com as medidas relativas à reforma agrária integral e aos cultivos ilícitos.
Segundo a Comissão Internacional de Verificação dos Direitos Humanos no país, mais de 80 por cento das normas que se previa que fossem aprovadas no primeiro ano após a entrada em vigor do acordo de paz, ainda não o foram. A maioria dos projectos de lei concluídos, designadamente em relação à Jurisdição Especial de Paz, não estão a ser implementados, afirma a mesma fonte.