Jornadas Parlamentares do PCP

Abrir caminhos na resposta aos problemas do País

JOR­NADAS PAR­LA­MEN­TARES No pró­ximo dia 14 de Março, por agen­da­mento po­tes­ta­tivo do PCP, es­tará em de­bate no Par­la­mento um pa­cote de ini­ci­a­tivas le­gis­la­tivas sobre le­gis­lação la­boral.

Jor­nadas foram fér­teis em pro­postas con­cretas para os pro­blemas

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Sub­me­tidas à apre­ci­ação dos de­pu­tados es­tarão pro­postas vi­sando a eli­mi­nação da ca­du­ci­dade da con­tra­tação co­lec­tiva, a re­po­sição do prin­cípio do tra­ta­mento mais fa­vo­rável e a re­gu­lação dos ho­rá­rios de tra­balho, anun­ciou esta terça-feira o líder par­la­mentar co­mu­nista, João Oli­veira, ao apre­sentar em con­fe­rência de im­prensa as con­clu­sões das Jor­nadas Par­la­men­tares do PCP.

Esta foi uma das muitas ini­ci­a­tivas le­gis­la­tivas apro­vadas nestas Jor­nadas re­a­li­zadas no dis­trito de Por­ta­legre, com um exi­gente pro­grama ini­ciado na vés­pera, 5, muito fo­cado no in­ves­ti­mento pú­blico e no de­sen­vol­vi­mento do País, bem como na po­lí­tica la­boral e na de­fesa dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores.

A va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores con­tinua assim a ocupar um lugar chave na agenda do PCP, que a en­cara como um «ele­mento cen­tral e in­con­tor­nável de uma po­lí­tica de de­sen­vol­vi­mento na­ci­onal», o que im­plica al­terar a le­gis­lação la­boral no sen­tido de eli­minar as suas normas mais gra­vosas.

Este foi por isso um tema muito pre­sente ao longo destes dois dias em que os de­pu­tados co­mu­nistas e as­ses­sores do Grupo Par­la­mentar con­tac­taram com a re­a­li­dade do te­cido eco­nó­mico e so­cial do Alto Alen­tejo le­vando a cabo cerca de de­zena e meia de reu­niões e vi­sitas.

Pri­o­ri­dades

O mote foi dado logo na sessão de aber­tura pelo Se­cre­tário-geral do PCP ao erigir as ques­tões re­la­ci­o­nadas com o tra­balho à con­dição de «im­por­tante pri­o­ri­dade», no quadro de uma si­tu­ação so­cial que na sua pers­pec­tiva «con­tinua mar­cada por pro­fundas in­jus­tiças, desde logo na dis­tri­buição do ren­di­mento na­ci­onal entre ca­pital e tra­balho» (ver pág. 7).

Antes, a abrir os tra­ba­lhos no Centro de Con­gressos da Câ­mara de Por­ta­legre – onde, além dos de­pu­tados co­mu­nistas, es­ti­veram pre­sentes eleitos au­tár­quicos e di­ri­gentes lo­cais, re­gi­o­nais e na­ci­o­nais do PCP, no­me­a­da­mente Ro­gério Silva, do CC e res­pon­sável pela Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Por­ta­legre, e Luísa Araújo e João Dias Co­elho, dos or­ga­nismos exe­cu­tivos –, o pre­si­dente do Grupo Par­la­mentar do PCP, João Oli­veira, tra­tara já de su­bli­nhar que a de­fesa dos in­te­resses na­ci­o­nais e do de­sen­vol­vi­mento exige uma «po­lí­tica al­ter­na­tiva» que «as­suma a pro­dução na­ci­onal como ele­mento cen­tral do cres­ci­mento eco­nó­mico e que, rom­pendo com a po­lí­tica de di­reita, co­loque a va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores, dos sa­lá­rios e dos di­reitos como con­dição e ob­jec­tivo do de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico».

«In­ves­ti­mento pú­blico» e «de­sen­vol­vi­mento» foram assim pa­la­vras-chave e con­ceitos que per­pas­saram as Jor­nadas, com as vi­sitas e con­tactos a evi­den­ci­arem as «po­ten­ci­a­li­dades pro­du­tivas» exis­tentes, mas também os «cons­tran­gi­mentos que afectam a pro­dução» na­quele dis­trito e no País.

Va­lo­rizar a pro­dução

Daí que nas suas con­clu­sões seja dada uma grande ên­fase à va­lo­ri­zação da pro­dução na­ci­onal - é, aliás, um dos eixos da po­lí­tica que o PCP de­fende para Por­tugal -, que to­davia «não pode ser feita a qual­quer custo» e que tem de as­sentar na ideia de que a «sus­ten­ta­bi­li­dade no uso dos re­cursos é ele­mento fun­da­mental do de­sen­vol­vi­mento in­te­grado de que o País pre­cisa».

Disse-o João Oli­veira na apre­sen­tação do do­cu­mento de con­clu­sões, ao su­bli­nhar no­me­a­da­mente como no dis­trito de Por­ta­legre é vi­sível essa ne­ces­si­dade de «com­pa­ti­bi­lizar a ac­ti­vi­dade pro­du­tiva com a qua­li­dade am­bi­ental, ex­pressa quer nos pro­blemas de po­luição do Tejo, quer no im­pacto am­bi­ental da in­ten­si­fi­cação da pro­dução de olival».

Qual­quer dos casos re­leva a «ne­ces­si­dade de um outro mo­delo de de­sen­vol­vi­mento», sus­tentou, ano­tando que se é ver­dade que a pro­dução agrí­cola as­sente na ex­plo­ração in­ten­siva e de mo­no­cul­tura, es­sen­ci­al­mente de olival, «levou o País para ní­veis de auto-su­fi­ci­ência em azeite», não é menos ver­dade que «trouxe pro­blemas as­so­ci­ados»: am­bi­en­tais, ex­plo­ração la­boral, aban­dono de ou­tras cul­turas, «com im­pactos ne­ga­tivos na pro­dução na­ci­onal e so­be­rania ali­mentar».

Im­porta por isso que o «de­sen­vol­vi­mento seja in­te­gral e sus­ten­tado», con­ci­li­ando o «de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico com a me­lhoria das con­di­ções de vida das po­pu­la­ções e a qua­li­dade am­bi­ental», de­fendeu João Oli­veira, jus­ti­fi­cando a en­trega para breve de um di­ploma da sua ban­cada com vista a criar um «sis­tema de mo­ni­to­ri­zação de in­di­ca­dores am­bi­en­tais, de­mo­grá­ficos e so­ci­o­e­co­nó­micos e de mi­ti­gação de im­pactos am­bi­en­tais, para a saúde pú­blica e ou­tros, nas re­giões que estão a so­frer al­te­ra­ções pro­fundas da sua es­tru­tura agrária e/​ou pro­du­tiva, no­me­a­da­mente onde há in­ten­si­fi­cação da pro­dução e ex­pansão de mo­no­cul­turas».

Anun­ciada, ainda neste ca­pí­tulo, foi a apre­sen­tação de ou­tras pro­postas ori­en­tadas para a re­so­lução de «pro­blemas bá­sicos do mundo agrí­cola, como sejam a va­lo­ri­zação da api­cul­tura, o re­co­nhe­ci­mento au­to­má­tico das co­o­pe­ra­tivas como or­ga­ni­za­ções de pro­du­tores, e a de­so­ne­ração dos pro­du­tores pe­cuá­rios do sis­tema de sa­ni­dade animal».

O cum­pri­mento da re­co­men­dação ao Go­verno por si pro­posta e apro­vada na AR para cons­trução da Bar­ragem do Pisão, en­quanto im­por­tante re­serva es­tra­té­gica de água para um dis­trito como Por­ta­legre, a braços com os efeitos da seca, é outra exi­gência que o PCP não dei­xará cair, ga­rantiu aos jor­na­listas no final das Jor­nadas o líder par­la­mentar co­mu­nista.




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