América Latina, UE e ingerência
O PCP é solidário com as forças progressistas e povos da América Latina
A matriz capitalista da União Europeia, as suas ambições imperialistas, determinam as suas pretensões de interferência sobre países terceiros à escala global. Não se coibiu de impor a sua retórica moralista para pressionar, chantagear, sancionar, agredir países soberanos que afrontem os seus interesses ou para que a eles se subjuguem. A América Latina é uma temática recorrente, no contexto das discussões do Parlamento Europeu (PE), como correia de transmissão das potências europeias, não só pela discussão como pela omissão.
Na última sessão plenária do PE foi promovida uma discussão sobre a situação na Colômbia, onde a direita procurou imprimir um ataque cerrado às forças progressistas, nomeadamente às FARC, a única parte assinante do Acordo de Paz empenhada no seu escrupuloso cumprimento. Já na sessão que decorrerá na próxima semana pretende a direita discutir Cuba, na sua estratégia de minar o Acordo de Cooperação e Diálogo, assinado o ano passado, antecipando a reunião entre a UE e Cuba, no fundo, buscando a continuidade da política de embargo e isolamento do povo cubano.
Pretendem ainda promover a enésima discussão e resolução sobre a Venezuela, num momento em que se reproduzem declarações da Alta Representante, Federica Mogherini, de interferência e ameaça à Venezuela, consumando sanções contra altas figuras daquele país, alimentando a direita reaccionária e violenta, a par da desestabilização económica e social, com graves prejuízos para o povo e, refira-se, para a substantiva comunidade portuguesa.
Cinicamente, surgem sem surpresa as declarações brandas e legitimadoras da fraude eleitoral nas Honduras ou os silêncios face ao escandaloso processo político contra Lula da Silva, enquadrado numa brutal ofensiva aos direitos sociais e laborais do povo brasileiro a par da depauperação e saque das riquezas do Brasil. Silêncios que se estendem a países como a Argentina, México, entre outros, onde se espezinham os direitos dos povos, se somam perseguições e mortes a lideres políticos e sociais.
Os deputados do PCP no PE assumem o seu compromisso de solidariedade com as forças progressistas, com os trabalhadores e os povos daquele continente (como de resto em qualquer parte do mundo).
No dia de saída desta edição decorre no PE, com o nosso apoio e colaboração, a iniciativa «Direitos das Vítimas e o Acordo de Paz na Colômbia», que pretende sinalizar não só a relevância da assinatura do acordo, mas os atrasos significativos na sua implementação e mesmo alguns preocupantes recuos. Importa recordar que desde a assinatura do acordo, 42 integrantes das FARC e 170 líderes sociais e activistas pela paz foram assassinados às mãos do paramilitarismo que aumentou e ocupou território antes controlado pela guerrilha.
Da mesma forma, na semana passada, e também por iniciativa dos deputados do PCP, foi possível a emissão de comunicados do GUE/NGL de solidariedade quer com a luta do povo brasileiro face à decisão de condenação de Lula da Silva, quer com o povo venezuelano e a Revolução Bolivariana, face à imposição de sanções que a UE determinou impor.