PCP condena fraude eleitoral nas Honduras
REPÚDIO A subversão da vontade popular expressa nas urnas a favor de Salvador Nasralla e a repressão dos protestos nas Honduras são condenadas pelo PCP, que se solidariza com as exigências das forças democráticas.
Estas eleições recordam o golpe de Estado de 2009, orquestrado pelos EUA
Em nota divulgada no dia 15, o Partido repudia a «apontada fraude no apuramento dos resultados finais das eleições presidenciais de 26 de Novembro nas Honduras» e lembra que o triunfo de Salvador Nasralla foi sustentado «pelos resultados oficiais inicialmente divulgados e reconhecido por magistrados do próprio Tribunal Supremo Eleitoral (TSE)».
«A atribuição pelo TSE da vitória ao representante das forças da oligarquia hondurenha e actual chefe de Estado, Juan Orlando Hernández, recorda o golpe de Estado militar encapotado de 2009, orquestrado pelos EUA, de que resultou o afastamento do presidente legítimo e constitucional das Honduras, Manuel Zelaya, e o incremento da repressão e da exploração neste país da América Central».
«Perante a ampla indignação e protesto populares face à apontada fraude eleitoral, o poder oligárquico das Honduras volta a recorrer à repressão, impondo o recolher obrigatório, realizando detenções em massa e assassinando manifestantes nas ruas», acrescenta-se ainda no texto, antes de se denunciar a «atitude de conivência e hipocrisia dos EUA, da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da UE perante a espiral antidemocrática nas Honduras», e de se condenar a «acção de ingerência por parte dos EUA, que mantêm bases militares nas Honduras».
«O PCP solidariza-se com as forças democráticas das Honduras e a sua exigência da reposição das liberdades e garantias democráticas e do apuramento rigoroso e imparcial dos resultados», conclui-se.
Protestos continuam
Depois de o TSE insistir na atribuição da vitória a Juan Orlando Hernández, domingo, 17 de Dezembro, o candidato da Aliança de Oposição contra a Ditadura, Salvador Nasralla, reiterou a acusação de fraude eleitoral «antes, durante e depois» do sufrágio. Qualificou ainda de «impostor» o actual presidente e considerou que «o povo sabe», por isso «eles não vão conseguir deter o povo».
Salvador Nasralla devia encontrar-se em Washington, na segunda-feira, 18, com Luís Almagro, secretário-geral da OEA, organização que, ao contrário do que fez em ocasiões semelhantes, se mantém passiva, isto apesar de a sua missão de observação às presidenciais hondurenhas, composta por 82 alegados especialistas, ter recomendado, também no domingo, 17, o escrutínio de todo o processo eleitoral. A missão aponta como elemento mais evidente a «manipulação intencional» do Sistema Integrado de Escrutínio de Divulgação Eleitoral.
Os protestos contra a fraude eleitoral nas Honduras não cessam desde há três semanas pese embora a violenta repressão das autoridades, responsáveis pela morte de pelo menos 17 pessoas, por prisões arbitrárias e ferimentos em centenas de outras.