Drones assassinos na guerra do Sahel

Carlos Lopes Pereira

LUSA

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Os Estados Unidos e a França vão utilizar drones armados na região do Sahel, em mais uma escalada da intervenção militar das potências ocidentais a pretexto da «luta contra o terrorismo».

Norte-americanos e franceses já operam na faixa saheliana com drones, baseados no Níger, em missões de «vigilância e recolha de informações». Agora, responsáveis do Pentágono revelaram que as autoridades nigerinas aceitaram que os Reapers dos EUA estacionados em Niamey sejam equipados com mísseis.

Nos primeiros dias de Outubro, quatro membros das forças especiais norte-americanas e quatro militares nigerinos foram mortos num confronto com jihadistas, perto da fronteira com o Mali. O incidente revelou a presença de tropas dos EUA – pelo menos 800 homens, incluindo unidades de elite –, envolvidas em acções de guerra em território do Níger.

O novo acordo entre Niamey e Washington sobre o armamento dos drones será assinado até ao final do ano, noticiou a Jeune Afrique. O comando estado-unidense para África, o Africom, não comentou tais «autorizações militares específicas» mas indicou que «os governos do Níger e dos EUA trabalham juntos para impedir as organizações terroristas de utilizar a região como uma base recuada». Uma vez assinado o acordo, os drones norte-americanos poderão ser equipados com mísseis «em poucos dias», segundo a revista.

Operando hoje a partir de Niamey, os Reapers passarão em breve a descolar de Agadez, no centro do Níger, onde os EUA estão a construir mais uma base aérea, que estará concluída em 2018. Custará 50 milhões de dólares e passará a acolher grande parte dos 800 militares norte-americanos no Níger, «cujo número deverá aumentar nos meses seguintes».

A base de drones de guerra em Agadez será a segunda dos EUA em África, semelhante à que dispõem em Djibuti para lançar ataques contra os jihadistas na Somália e no Iémen.

Com uma autonomia de quase 24 horas e um raio de acção de 1800 quilómetros, estas aeronaves automatizadas e pilotadas à distância permitirão aos EUA levar a cabo operações militares em grande parte da faixa sahel-saariana.

Também a França vai armar os seus drones no Sahel. Em 2014, comprou aos EUA seis aparelhos, cinco dos quais operam a partir de Niamey, no quadro da operação Barkhane, centrada no Mali mas abrangendo outros países sahelianos. Paris vai adquirir até 2019 mais seis Reapers, também equipados com mísseis.

Os drones armados surgiram, pela mão dos EUA, no Afeganistão, após o 11 de Setembro de 2011. Generalizados no Iraque depois da intervenção norte-americana de 2003, estes «robots assassinos» foram a partir daí empregados pela CIA, durante a administração Obama (2008-2016), na eliminação de «inimigos», em geral com desastrosos «danos colaterais» entre as populações.

Com a justificação do «combate ao terrorismo», o imperialismo estado-unidense e aliados alargam assim a intervenção militar em África – do Sahel à Somália, da Nigéria aos Grandes Lagos –, com o propósito de controlar e explorar os recursos do continente.

 



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