Impunidade
«Os Estados Unidos encontram-se em manifesta violação da Convenção sobre a tortura», acusou, a semana passada, o relator especial da ONU, Nils Melzer. Em causa está a impunidade dos responsáveis pelos interrogatórios a suspeitos de terrorismo levados a cabo pela CIA, em locais secretos, após 11 de Setembro de 2001.
Nils Melzer lembrou que, apesar de em 2004 a comissão do Senado norte-americano ter reconhecido que os serviços secretos dos EUA recorreram a práticas comparáveis a tortura, «até hoje os autores e os políticos responsáveis por estes horríveis abusos não compareceram perante a Justiça e as vítimas não receberam compensações nem foram reabilitadas».
O responsável alertou ainda para as detenções prolongadas em Guantánamo, entre as quais a do sobrinho do alegado mentor do atentado contra as Torres Gémeas, em Nova Iorque, o qual, depois de três anos e meio em prisões secretas sujeito a «incessantes torturas», foi transferido para aquele campo de concentração, onde terá continuado a ser submetido a «constantes privações do sono e a sofrer de perturbações físicas e mentais».
«Nenhuma circunstância, por mais excepcional ou argumentada que seja, pode justificar a tortura», afirmou Nils Melzer, que insistiu para que Washington ponha termo à política de impunidade.