Firmes no ideal, determinados na acção

Francisco Lopes (Membro da Comissão Política)

O resultado das recentes eleições autárquicas, designadamente o obtido pela CDU, serve novamente de pretexto para os anticomunistas de vários matizes se encarniçarem no redobrado ataque ao PCP revelando o seu desejo de o enfraquecer e destruir. Não têm emenda, mas terão que meter outra vez essa viola ruidosa e desafinada no saco das velharias.

Nada nem ninguém desviará o PCP do seu caminho

O PCP prosseguirá o seu caminho, responderá afirmando a sua identidade comunista, tomando a iniciativa, dinamizando a sua acção, promovendo a organização, unidade e luta dos trabalhadores, reforçando a organização partidária, aperfeiçoando o seu trabalho. Nada nem ninguém desviará o Partido Comunista Português do seu ideal e projecto, inserindo os objectivos concretos e imediatos na concretização do seu Programa, na luta por uma democracia avançada com os valores de Abril no futuro de Portugal, por uma sociedade nova, livre da exploração e da opressão, o socialismo e o comunismo.

O Partido Comunista Português, com a sua identidade, tem objectivos específicos que fazem dele um Partido indispensável aos trabalhadores e ao povo português, que o colocam como alvo permanente do grande capital e daqueles que o servem. É uma constante na sua história, e isso mesmo se verificou na fase que antecedeu as eleições autárquicas, verifica-se agora face aos resultados eleitorais e vai continuar no futuro.

O trabalho autárquico, a influência e as posições nas autarquias, com o projecto do PCP e da CDU assente no trabalho, na honestidade e na competência, são um elemento importante e mesmo quando a CDU confirma no essencial a sua expressão, o recuo verificado nas suas posições naturalmente que não é um elemento positivo. O sentimento de insatisfação e injustiça sobre os resultados eleitorais é compreensível, a reflexão e o aprofundamento de análise que estes suscitam para melhor compreensão e acerto são necessários, tudo isto tendo bem presente que em melhores ou piores condições o papel do PCP é fundamental.

Discutir, apurar, decidir, avançar na luta, na iniciativa e no reforço do Partido, eis o que se impõe.

Nesta nova fase da vida política nacional, a situação do País reforça como questão central a exigência da política patriótica e de esquerda que o PCP defende, ao mesmo tempo que coloca a importância de levar o mais longe possível a defesa, reposição e conquista de direitos.

A luta continua

A luta dos trabalhadores e do povo que, com a intervenção decisiva do PCP, foi a alavanca que permitiu os avanços verificados até aqui, deve ser alargada e intensificada, a partir da acção reivindicativa nas empresas, nos locais de trabalho, nos sectores – de que é exemplo a greve da Administração Pública de dia 27 de Outubro –, da acção das populações e dos mais diversos sectores e da convergência da luta, desde já na grande manifestação nacional convocada pela CGTP-IN para Lisboa no dia 18 de Novembro.

A intervenção deve ser dinamizada, seja na iniciativa na Assembleia da República ou no Parlamento Europeu, seja na acção nacional de contacto e informação aos trabalhadores e à população de 26, 27 e 28 de Outubro, seja nas campanhas pela fixação do Salário Mínimo Nacional em 600 euros em Janeiro de 2018, contra a precariedade e pela produção nacional e a soberania.

O reforço do Partido é condição indispensável, concretizando as orientações do XX Congresso e, no imediato, tal como o Comité Central na sua reunião da semana passada apontou, com a «valorização da militância e dos princípios de funcionamento do Partido e da sua aplicação prática, do reforço do trabalho de direcção e do trabalho colectivo, da responsabilização de quadros, de uma forte acção de recrutamento e integração dos novos militantes, do fortalecimento das organizações nas empresas e locais de trabalho e dos organismos para os movimentos de massas, das organizações locais no seguimento da acção política das eleições autárquicas, da intensificação do trabalho de propaganda e da difusão da imprensa partidária e de medidas para assegurar a independência financeira do Partido».

Como diz o provérbio popular, «os cães ladram e a caravana passa». Conscientes das exigências do caminho dum partido revolucionário, superando dificuldades e obstáculos, a luta continua.




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