Che Guevara vive na luta revolucionária
HOMENAGEM O exemplo e luta de Ernesto Guevara de la Serna, conhecido como Che, foram realçados em cerimónias oficiais em Cuba e na Bolívia quando se assinalaram 50 anos sobre a sua captura e assassinato a mando da CIA.
O seu modelo converte-se num ideal a seguir
Segunda-feira, 9, na Bolívia, em Vallegrande, para onde foi transportado o corpo de Che Guevara depois de ter sido fuzilado numa aldeia próxima, La Higuera (onde no domingo, 8, foi inaugurado pelo presidente Evo Morales, perante milhares de pessoas, um busto do revolucionário), decorreu um Encontro Mundial com mesas de debate sobre a vida, pensamento e luta do revolucionário argentino, bem como uma noite cultural.
O presidente boliviano Evo Morales encerrou as cerimónias em que estiveram presentes os filhos de Che Guevara e o vice-presidente cubano Ramiro Valdés, sublinhando que, como notou Che Guevara, «a nossa luta não é de uma década ou durante um período no governo, mas de toda uma vida».
«A melhor forma de prestar homenagem ao Che é prosseguir a sua luta anti-imperialista», disse ainda Evo Morales na iniciativa em Vallegrande.
Gigante
Já em Cuba, a homenagem a Che Guevara realizou-se, domingo, 8, em Santa Clara, onde desde 1997 repousam os seus restos mortais. Em Santa Clara, em Dezembro de 1958, Che Guevara e a coluna do Movimento 26 de Julho que liderava derrotaram as tropas do ditador Fulgêncio Batista, precipitando o seu derrube, a 1 de Janeiro de 1959.
No governo revolucionário cubano, Che Guevara dirigiu o banco central e a reorganização da produção soberana, bem como as relações exteriores do país . Partiu, depois, para África e para a Bolívia com o objectivo de promover a luta emancipadora.
Perante cerca de 70 mil pessoas, o vice-presidente da República de Cuba, Miguel Díaz Canel realçou que nos tempos difíceis e incertos que se vive no quadro da agudização da crise do capitalismo, importa multiplicar o exemplo do comunista argentino. «O Che não morreu como queriam os seus assassinos. A sua figura agiganta-se quando novas gerações de cubanos, ao crescerem sob o seu exemplo e legado, descobrem, reconhecem, compreendem e assumem o paradigma de revolucionário, fazem seu o estímulo ao estudo, ao trabalho e ao cumprimento dos deveres».
«Com a sua atitude e compromisso de actuar segundo o que sentia, de dizer o que pensava e fazer o que dizia, ampliou a pátria latino-americana», acrescentou o dirigente cubano, para quem «o seu modelo de homem altruísta, de revolucionário consciente, converte-se num ideal a seguir».
Recordando que «a história ensina que quando um projecto revolucionário ou social diferente, justo e mais humano, se põe em marcha» logo contra ele se movem «pressões económicas, diplomáticas, campanhas mediáticas de desprestígio e difamação, incluindo com a ameaça de agressão militar para castigar tal ousadia», Miguel Diáz Canel lembrou que Che Guevara não se cansava de advertir que «não se pode confiar no imperialismo».