Camionistas franceses obrigam Macron a ceder
CÓDIGO DO TRABALHO O governo francês viu-se obrigado a ceder às principais reivindicações dos camionistas, após o lançamento de um movimento de protesto, a 25 de Setembro.
Luta intensifica-se em França contra ataque aos direitos e aos salários
Perante a ameaça de novos bloqueios de entrepostos, marchas lentas e outras acções, convergindo com a greve da função pública, realizada anteontem, 10, o governo e o patronato aceitaram manter as actuais condições de trabalho, designadamente em matéria de prémios, ajudas de custo, entre outros direitos ameaçados pela reforma da legislação laboral.
O patronato comprometeu-se a incluir um conjunto de direitos exigidos pelos sindicatos num novo convénio sectorial, ao mesmo tempo que o governo deverá reconhecer na legislação as especificidades do transporte rodoviário.
A luta dos camionistas foi assim decisiva para derrotar a tentativa de dumping salarial, através da negociação não ao nível sectorial, mas empresa a empresa das condições remuneratórias.
O dirigente da CGT-Transports, Jérôme Vérité, afirmou-se «satisfeito» com o acordo, mas frisou que «o combate continua contra as “ordonances”» (decretos governamentais) que alteram o código do trabalho.
Função pública na rua
Convocada por todos os sindicatos do sector, a função pública e a generalidade dos serviços públicos, incluindo concessões privadas, estiveram em greve na terça-feira, 10.
A paralisação abrangeu mais de cinco milhões de trabalhadores em protesto contra a eliminação de 120 mil postos de trabalho até ao fim da legislatura, o congelamento das remunerações e a reintrodução do dia de carência nas baixas por doença (o que significa a não compensação do primeiro dia de baixa).
A jornada nacional, promovida pelas nove federações sindicais do sector (CGT, CFDT, FO, UNSA, FSU, Solidaires, CFE-CGC, CFTC e FA), foi marcada por cerca de 130 manifestações e concentrações em 90 departamentos (divisão administrativa), tendo o seu ponto alto no desfile em Paris, entre a Praça da República e a Praça da Nação.
Para além do encerramento de repartições públicas, estabelecimentos de ensino (incluindo instituições privadas) e redução do funcionamento dos hospitais aos serviços mínimos, a greve teve ainda efeitos nos aeroportos (controladores aéreos), nos transportes públicos, designadamente no metro de Paris, nos caminhos-de-ferro, bem como em antigas empresas públicas, hoje privatizadas, como a Orange ou La Poste, onde os sindicatos apelaram à participação nas manifestações.
A última reunião de negociações salariais está marcada para a próxima segunda-feira, 16.