Catalunha resiste à repressão e mantém referendo
TENSÃO A vaga de repressão desencadeada por Madrid não demoveu as autoridades regionais do seu objectivo de realizar o referendo sobre a independência no próximo domingo, 1.
Tensão aumenta com a aproximação do referendo
Rusgas a instituições catalãs, detenções de responsáveis por cargos públicos, apreensões de material eleitoral – para o governo do PP de Mariano Rajoy todos os meios parecem justificar o objectivo de impedir a realização do referendo sobre a independência na Catalunha.
À ocupação da Tesouraria da Generalitat (governo) por parte do Ministério das Finanças, a 19, seguiu-se no dia seguinte a apreensão pela Guardia Civil de 9,8 milhões de boletins de voto para o referendo, bem como de outro material eleitoral, como cartazes, cadernos eleitorais e listas dos membros das mesas de voto. Dezenas de sites preparados para o referendo foram bloqueados. Mas as medidas repressivas não ficaram por aqui.
Na quarta-feira, 20, a Guardia Civil assaltou a sede do governo catalão e invadiu outras instalações governamentais em Barcelona, onde procedeu a buscas e deteve 14 altos cargos da Generalitat, acusados de participação nos preparativos do referendo.
A vaga de repressão teve resposta imediata nas ruas, com milhares de pessoas concentradas no centro de Barcelona, de dia e de noite, fazendo ouvir o seu protesto contra as arbitrariedades do governo de Madrid.
Inúmeras acções em defesa dos direitos democráticos tiveram entretanto lugar, promovidas por associações independentistas, caso da Assembleia Nacional Catalã, que realizou, no domingo, 24, uma distribuição massiva de boletins de voto nos municípios catalães.
Apesar dos duros golpes infligidos pelo governo central, o governo catalão garante que a consulta irá realizar-se. Carles Puigdemont, presidente da Generalitat desde 2016, tem explicado através de redes sociais como contornar as restrições técnicas para aceder através da Internet a informação sobre o referendo.
A tensão aumenta à medida que se aproxima o dia da votação. A polícia catalã (Mossos) foi colocada sob o comando da Guardia Civil e Madrid fez saber que não exclui a possibilidade de prender Puigdemont.
As acções repressivas já foram condenadas pela igreja católica da Catalunha, que exige «respeito pelos direitos e as instituições », assim como mereceram o repúdio de cerca de meia centena de deputados do Parlamento Europeu.
O PCP sublinhou através do seu Gabinete de Imprensa que a «questão nacional em Espanha tem que ser olhada com a complexidade que a história e a realidade daquele país encerra ». Sendo que «a resposta a esta questão, designadamente na Catalunha, deve ser encontrada no respeito pela vontade dos povos e no quadro de uma solução política e não no recurso à coacção e repressão».