A Coreia e a Paz

Ângelo Alves

O PCP defende o desarmamento nuclear, simultâneo e controlado

O imenso perigo do mundo voltar a testemunhar o crime da utilização da arma nuclear não só não está afastado como tem vindo a aumentar. Esta não é uma tendência que se limite às ultimas semanas, basta por exemplo lembrar a inclusão no conceito estratégico da NATO da admissibilidade do uso da arma nuclear, as declarações de governos como o britânico de reafirmação da possibilidade do seu uso, a recente utilização pelos EUA da «mãe de todas as bombas» ou os investimentos e testes realizados pelos EUA nos últimos anos, incluindo testes de mísseis balísticos para transporte de ogivas nucleares que podem atingir qualquer parte do mundo.

Nas últimas semanas a questão nuclear tem vindo a ganhar peso na agenda política internacional devido aos desenvolvimentos relativos à península coreana. A genuínas e justas preocupações com a paz somam-se linhas de manipulação para branquear o papel dos EUA e de outras potências nucleares, para apresentar como justificável a estratégia militarista do imperialismo naquela região.

Sobre a questão nuclear importa sublinhar alguns factos, tanto mais que o conflito na Península da Coreia tem servido em Portugal para uma campanha anticomunista de calúnia e mentira sobre as posições do PCP.

O PCP orgulha-se de ser o Partido que em Portugal tem o maior património de luta contra as armas nucleares e outras armas de destruição massiva, defendendo a sua não proliferação e a sua abolição por via de um processo de desarmamento nuclear, simultâneo e controlado.

O desenvolvimento de armas nucleares pela República Popular Democrática da Coreia (RPDC), em sentido contrário à não proliferação de armas nucleares, não pode apagar a responsabilidade dos EUA pelo foco de tensão que permanentemente mantém na Península da Coreia, o desenvolvimento de cada vez mais sofisticadas e poderosas armas nucleares pelas potências da NATO e as constantes provocações na região do Extremo Oriente e Pacífico Sul. Importa sublinhar que os EUA, possuindo mais de 7600 ogivas nucleares, realizaram mais testes nucleares que todos os outros países do mundo. Foi o único país a usar a arma nuclear – em Hiroshima e Nagasaki – e o único que dispõe de armas nucleares noutros países. É responsável pelo desenvolvimento do sistema anti-míssil, desenhado para permitir o uso da arma nuclear em primeiro ataque. Financia e vende armas e tecnologia a países que detêm armamento nuclear não declarado e que desrespeitam abertamente o direito internacional, como Israel e a Arábia Saudita.

Sobre como fazer avançar a História que ficou parada há várias décadas, com a divisão da Peninsula da Coreia por via de uma agressão do imperialismo, o PCP defende a reunificação pacífica da Coreia. Uma reunificação com desarmamento, desnuclearização e saída das forças militares norte-americanas. É esse objectivo que vai verdadeiramente de encontro aos interesses do povo coreano e da paz na região.

O que é fundamental neste momento é a contenção e o desanuviamento, e olhando para todas as facetas daquele conflito, sem visões unilaterais, avançar no diálogo para uma solução política. Esse é o único caminho possível para a Paz. Independentemente da opinião que se tenha sobre a RPDC, diabolizá-la só servirá os interesses do «partido da guerra» que vê na península coreana mais uma plataforma de intervencionismo e guerra naquela região.




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