EUA anunciam ocupação duradoura do Afeganistão
OCUPAÇÃO Donal Trump anunciou, dia 21, que os EUA se vão manter por tempo indeterminado no Afeganistão e reforçar a presença militar no país, e acusou o Paquistão de abrigar terroristas.
Guerra está «estagnada», com os talibãs a controlar 40 % do país
Numa declaração proferida a partir da base norte-americana em Fort Myer, o presidente dos Estados Unidos deixou cair mais uma das suas promessas eleitorais: a de retirar as forças norte-americanas do Afeganistão. A «nova» estratégia é agora a de aumentar o número de efectivos no terreno, sem horizonte de retirada, e pressionar o Paquistão, que Trump diz ser «frequentemente um refúgio para os agentes do caos, da violência e do terror».
Nesta que é já a «guerra mais longa da história norte-americana», os números oficiais usados por Trump para cativar votos dão conta de 2400 soldados mortos desde 2001 e mais de 20 000 feridos. Números que agora pouco representam face ao que disse ser uma análise do problema «sob todos os ângulos».
«O meu instinto era retirar, e normalmente eu sigo o meu instinto», disse o actual inquilino da Casa Branca, mas terá sido convencido pelos militares de que uma retirada ia criar um «vazio» que iria beneficiar os «terroristas». Assim, os EUA vão continuar por tempo ilimitado no Afeganistão, embora advirtam as autoridades de Cabul que o seu «apoio» não é «um cheque em branco» e que exigem «verdadeiras reformas e resultados». O que poderá passar, «após um esforço militar eficaz», por uma «solução política que inclua uma parte dos talibãs no Afeganistão», embora ninguém saiba «quando é que isso acontecerá».
Trump aproveitou ainda a ocasião para advertir o Paquistão de que tem «muito a perder se continuar a abrigar criminosos e terroristas» que desestabilizam o Afeganistão e clamou em tom de ameaça que «isso deve mudar e deve mudar imediatamente».
O chefe de Estado afegão, Ashraf Gani, agradeceu de imediato o «compromisso duradouro» dos EUA com o país, enquanto o secretário-geral da NATO se apressou a garantir que a Aliança Atlântica, que intervém no Afeganistão desde 11 de Setembro de 2001 a mando de Washington, está disponível para reforçar a presença no terreno, onde dispõe de pelo menos 13 000 elementos.
De referir que segundo o relatório do inspector especial dos Estados Unidos para o Afeganistão (SIGAR), a guerra está «estagnada», com os talibãs a controlar 40 % do país.