Instrumentalização política no caso de Cabeça Gorda
Ontem, na hora de fecho da nossa edição, terá sido votado na Assembleia da República um voto de condenação do BE, no seguimento do alegado impedimento de inumação de um cidadão de etnia cigana, na freguesia de Cabeça Gorda, Beja.
O caso – de 6 de Julho – a partir da interpretação e aplicação do regulamento em vigor, de carácter geral e abstracto, está a ser transformado com intenção e objectivos eleitorais numa questão de discriminação racial.
O presidente da Junta de Freguesia, Álvaro Nobre, esclareceu entretanto que «nunca houve intenção de discriminar» ninguém, «como se pretende fazer crer», e que a preocupação foi a de não cometer nenhuma irregularidade ao nível da legislação e do regulamento, criado em 2006. Naquele cemitério, independentemente da raça, etnia ou confissão religiosa, apenas podem ficar os restos mortais das pessoas que tenham facelido na freguesia, que sejam ali residentes, naturais ou que tenham jazigo de família no cemitério. Nenhum dos critérios se aplicava ao caso em questão.
Em declarações ao Abril Abril, Álvaro Nobre salientou, ainda que o apoio dado a esta comunidade «é exactamente o contrário» daquilo que tem vindo a público.
Regista-se, uma vez mais, que aqueles que arvorando-se em defesa de «causas» não se coíbem de instrumentalizar factos, casos ou populações para atingir os seus objectivos políticos.