Visita de Trump a Israel com Irão na mira
MÉDIO ORIENTE A visita de Donald Trump a Israel ficou marcada por uma greve geral na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, dia 22, em apoio aos prisioneiros palestinianos em greve de fome nas prisões israelitas.
Vender ilusões e sacrificar os direitos do povo da Palestina
Na cidade de Ramallah, sede da Autoridade Palestiniana na Cisjordânia ocupada por Israel há mais de meio século, os estabelecimentos encerraram e as ruas ficaram vazias, ao mesmo tempo que os transportes deixaram de circular em toda a região. Situação idêntica registou-se em Hebron, onde as lojas, escolas e edifícios públicos fecharam as portas, bem como na Faixa de Gaza, território sob bloqueio israelita há mais de uma década, onde apenas as escolas e os hospitais mais importantes funcionaram.
Para os palestinianos, a visita de Trump destinou-se a «vender ilusões e a sacrificar os direitos» do povo da Palestina, ao mesmo tempo que reforçou os laços entre Washington e Telavive. Isso mesmo afirmou o presidente norte-americano: «Vim a esta terra antiga para reafirmar a duradoura amizade entre os EUA e o Estado de Israel. Não somos apenas antigos amigos, somos grandes aliados e parceiros», assegurou.
A visita ocorre quando mais de 1500 palestinianos cumprem uma greve de fome iniciada há um mês nas prisões israelitas para obter condições de detenção mais dignas e que respeitem os mais elementares direitos dos prisioneiros. Estima-se em 6500 o número de palestinianos presos actualmente em Israel.
De acordo com Qaddura Farès, responsável da ONG Clube dos Prisioneiros Palestinianos, em declarações à AFP, se não for criado «um comando unificado do movimento em favor dos prisioneiros» que «substitua temporariamente as actuais autoridades palestinianas», os «prisioneiros vão morrer nas celas, uns após os outros».
As preocupações de Trump
As declarações de Trump na reunião com as autoridades israelitas não podiam ser mais desfasadas da realidade que se vive no terreno. Afirmando-se «honrado por estar no grande Estado de Israel, o lugar do povo judeu», o presidente norte-americano agradeceu ao chefe de Estado anfitrião, Reuven Rivlin, e ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu o que disse ser o «compromisso em avançar com a paz entre palestinianos e israelitas».
As reais «preocupações» de Trump, como ficou claro, são outras. Sustentando que a «história pede» que os EUA e Israel fortaleçam a sua cooperação porque ambos «enfrentam ameaças comuns», o inquilino da Casa Branca assestou baterias ao Irão, como já havia feito antes na sua visita à Arábia Saudita, acusando-o de impulsionar o terrorismo e de financiar e fomentar «uma violência terrível».
«Os Estados Unidos e Israel podem afirmar em simultâneo que o Irão nunca deve possuir uma arma nuclear, e que deve cessar o financiamento, treino e equipamento mortífero para terroristas e milícias, imediatamente», declarou Trump. Israel, potência nuclear, aplaudiu.