Zangam-se as comadres…

Manuel Rodrigues

Em en­tre­vista ao Pú­blico, pu­bli­cada na se­gunda-feira da se­mana pas­sada, a líder do CDS-PP e tris­te­mente cé­lebre ex-mi­nistra da Agri­cul­tura do go­verno PSD/​CDS-PP ad­mitiu que o «as­sunto BES» nunca foi dis­cu­tido «em pro­fun­di­dade em Con­selho de Mi­nis­tros». E até terá re­cor­dado que es­tava de fé­rias quando foi apro­vado o de­creto-lei da re­so­lução do BES pelo que nem co­nhecia os dos­siers.

Ou seja, a mesma que tempos antes tinha elo­giado Paulo Núncio pela ele­vação de ca­rácter nas trocas e bal­drocas em que foi pró­digo sobre as vistas grossas do go­verno (PSD/​CDS) re­la­ti­va­mente aos dez mil mi­lhões de euros de evasão fiscal, entre 2011 e 2014, vinha assim a pú­blico alijar res­pon­sa­bi­li­dades (suas e do seu Par­tido) no es­can­da­loso caso dos offshores atri­buindo-as in­tei­ri­nhas ao ex-pri­meiro mi­nistro de então.

Ora, sen­tindo-se atin­gido pelo acto trai­ço­eiro da ex-par­ceira de co­li­gação, o líder do PSD terá afir­mado, se­gundo a Lusa, que o seu go­verno não dis­cutiu em Con­selho de Mi­nis­tros casos do sis­tema ban­cário «em con­creto», porque essa era função do su­per­visor, mas ga­rantiu que houve «atenção par­ti­cular» às ma­té­rias do sis­tema fi­nan­ceiro.

E jurou a pés juntos que «no que res­peita ao Con­selho de Mi­nis­tros, nunca mas nunca ne­nhum mi­nistro deixou de ex­primir as opi­niões que en­ten­desse re­le­vantes ou sus­citar as ma­té­rias que pu­desse achar da maior re­le­vância, nunca ne­nhum mi­nistro po­derá dizer que não dis­cutiu aquilo que achasse re­le­vante dis­cutir».

Zangam-se as co­ma­dres, des­co­brem-se as ver­dades é o afo­rismo po­pular para este tipo de ati­tudes.

A mesma sa­be­doria que também afirma que a men­tira só dura en­quanto a ver­dade não chega. E a ver­dade é que o PSD e o CDS são res­pon­sá­veis por este es­cân­dalo. E su­ces­sivos go­vernos da po­lí­tica de di­reita pela exis­tência de offshores e pela gi­gan­tesca evasão e fraude fiscal per­mi­tida ao longo de anos e anos ao grande ca­pital.

 



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