Festival pela paz
A juventude portuguesa está convocada para participar no 19.º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes (FMJE), que se vai realizar de 14 a 22 de Outubro, na cidade de Sochi, Rússia.
Existe uma necessidade muito grande de reafirmar a paz
No dia 27 de Janeiro teve lugar, na sociedade A Voz do Operário, a apresentação do Comité Nacional Preparatório (CNP) de Portugal do próximo FMJE, iniciativa que contou com testemunhos de participantes em anteriores edições, informações sobre o festival, a sua história, o seu carácter, a sua importância no actual quadro mundial, em que é essencial alargar e reforçar a luta pela paz.
Perante largas dezenas de pessoas, antes de assistirem ao concerto dos Concha Sacchetti, foi lançado o site do CNP (www.cnp-portugal.pt) e anunciadas as actividades futuras do comité, que culminarão em mais uma grande edição do «Acampamento pela Paz», nos dias 28, 29 e 30 de Julho, nas Piscinas Municipais de Évora.
Afirmar a paz
Em nome do CNP, Ana Inácio, da Associação Projecto Ruído, começou por lembrar que o FMJE teve início no ano de 1947 em Praga, na Checoslováquia, após o término da 2.ª Guerra Mundial e a derrota do nazi-fascismo, «época em que os jovens sentiram uma grande necessidade de afirmar a paz no mundo e dizer “não à guerra”». «Nesse primeiro festival, jovens de todo o mundo simbolicamente construíram uma ponte que tinha sido destruída pelos exércitos de Hitler», recordou, precisando que o FMJE, ao longo das suas 18 edições, «permitiu troca de experiências, de conhecimentos de diferentes realidades e uma grande aprendizagem por parte dos que lá passaram».
Hoje, passados 70 anos do primeiro festival, existe uma necessidade muito grande de reafirmar a paz, a solidariedade e a cooperação entre os povos, «num momento em que se multiplicam por todo o mundo as guerras, as agressões, as ingerências», do Iraque à Síria, da Palestina ao Saara Ocidental, da Líbia ao Afeganistão. «Num momento em que crescem os perigos de ascenso do fascismo, da xenofobia, da guerra, a realização deste festival é mais importante do que nunca», destacou Ana Inácio.
Juventude
A iniciativa de apresentação do comité português decorreu no Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que assinala a libertação do campo de concentração de Auschwitz pelo Exército Vermelho.
«A juventude é uma das camadas sociais que mais tem a perder com a guerra, como a história o tem demonstrado. Por isso, a luta pelos direitos da juventude e a luta pela paz são inseparáveis», referiu a dirigente da Associação Projecto Ruído.
Futuro livre e solidário
O CNP é a plataforma que prepara o FMJE em Portugal, sendo composto por várias estruturas juvenis que «ambicionam um futuro livre e solidário, de paz e solidariedade, em que seja assegurado o direito dos jovens serem felizes no seu País».
«Preparamos o FMJE junto da juventude portuguesa, realizando actividades de promoção do festival e dos seus valores. Vamos ainda preparar a delegação portuguesa ao 19.º FMJE», anunciou Ana Inácio.
Até agora, o CNP reúne 15 estruturas, com as mais diversas expressões do movimento juvenil, estando aberto à participação de todas as associações e grupos informais de jovens que queiram contribuir para o festival.
Como está expresso no Apelo à Juventude Portuguesa, a juventude portuguesa irá mobilizar-se para o festival a partir dos seus problemas concretos, das suas lutas e das suas aspirações: pela escola pública, gratuita e de qualidade para todos, sem barreiras nem divisões entre os estudantes; contra a precariedade, o desemprego, os baixos salários, pelo direito ao trabalho com direitos; pelo direito à habitação, ao acesso à cultura, à saúde, ao desporto, a um ambiente saudável e sustentável; pelo direito ao tempo livre; pelo direito ao associativismo e à participação democrática; pela democracia, por Abril!
Em 2017 assinala-se ainda os 70 anos do Movimento dos Festivais e o centenário da Revolução de Outubro. Em Portugal, a estas datas juntam-se os 70 anos do Dia da Juventude, a 28 de Março, e os 55 anos do Dia do Estudante, a 24 de Março, «datas associadas à luta contra o regime fascista e que são hoje um marco da luta pelos nossos direitos». «Sentimos a falta de apoios e o condicionamento à actividade associativa, que é essencial para uma verdadeira democracia. Para este festival, iremos levar também a nossa luta pelos direitos das associações juvenis, pelo direito a participar, só possível com o fim da precariedade sentida pela juventude», prometeu Ana Inácio.