Contra a impunidade
O PCP emitiu um comunicado em que se reafirma «firmemente ao lado do sector do táxi», contra a cedência do Governo às multinacionais que pretendem apropriar-se do sector.
A legalização da Uber pode acarretar inúmeras falências
LUSA
O sector do táxi está «sob um ataque cerrado», garante o PCP que responsabiliza o Governo e as multinacionais, ao mesmo tempo que não poupa a generalidade dos órgãos de comunicação social, a quem acusa de terem lançado uma «campanha de mentiras e falsificações, destinada a promover as multinacionais e “enlamear” os taxistas».
O apoio do PCP ao sector, lê-se no texto, expressa-se em primeiro lugar na oposição à «impunidade de que as multinacionais têm beneficiado, quer com o anterior governo PSD/CDS quer com o actual Governo PS», mas também ao decreto-lei que o actual executivo quer impor, no qual se prevê a criação de um «regime paralelo ao do táxi para ser usado pelas plataformas digitais das multinacionais, em condições que implicariam a falência generalizada do sector». A solidariedade do PCP estende-se ainda à luta contra a precariedade, os baixos salários e a sobre-exploração.
Este apoio é antigo e, lembra-se no comunicado, foi expresso em grandes iniciativas públicas: na manifestação nacional do sector do táxi, no passado dia 10, na iniciativa «Mulheres Unidas pelo Sector do Táxi», realizada a 29 de Setembro, e no encontro de Jerónimo de Sousa com 350 profissionais do táxi, no dia 31 de Agosto. Nesta última ocasião, o Secretário-geral do Partido alertou para o objectivo último do que chama de «processo liberalizador» em curso no sector: «destruir a realidade económica do sector do táxi e substituí-la pelo domínio das multinacionais».
Travar a ilegalidade
Nessa intervenção, de que se reproduz excertos no verso do comunicado, Jerónimo de Sousa apresentara três ideias sobre o que está em causa na luta dos profissionais do táxi: «a primeira ideia é que as multinacionais têm que cumprir a lei, tem que acabar a impunidade e tem que acabar a actual situação onde quem está legal paga multas e quem está ilegal anda impune. (…) Uma segunda ideia prende-se com as alterações legislativas que o Governo quer implementar, que acompanhamos com natural preocupação. A concretizarem-se as intenções do Governo, com a liberalização dos contingentes, a legalização da Uber em concorrência desleal com o sector do táxi e o aumento brutal da oferta, podemos vir a assistir a centenas de falências, particularmente nas zonas urbanas onde as multinacionais pode ganhar maior peso e retirar maiores lucros.»
A terceira ideia apresentada pelo dirigente comunista relacionava-se com a crescente degradação das condições de trabalho no sector do táxi, que é ainda mais grave nos novos sectores que o Governo quer legalizar, nos quais a «precariedade e a sobre-exploração são a norma».