1 de Novembro, de novo feriado

Manuel Rodrigues

A pró­xima terça-feira, dia 1, volta a ser fe­riado. Todos ainda nos lem­bramos que nos úl­timos três anos este fe­riado não existiu. O go­verno PSD/​CDS com a sua po­lí­tica de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento que con­duziu a uma acen­tuada agu­di­zação das con­di­ções de vida e de tra­balho, de­cidiu roubar aos tra­ba­lha­dores e ao povo por­tu­guês quatro fe­ri­ados na­ci­o­nais: Corpo de Deus, 5 de Ou­tubro, 1 de No­vembro e 1 de De­zembro.

Quatro fe­ri­ados que sig­ni­fi­caram, por tra­ba­lhador, em três anos, 12 dias de tra­balho for­çado e não pago. O que, feitas as contas, re­pre­sentou para a to­ta­li­dade dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses uma ex­torsão de cen­tenas de mi­lhões de horas de tra­balho, na prá­tica, o agra­va­mento do ho­rário médio de tra­balho e o em­ba­ra­te­ci­mento do valor da hora de tra­balho. Ou seja, a en­ti­dade pa­tronal be­ne­fi­ciou de quatro dias de tra­balho «à borla» por ano, o que sig­ni­fica que cen­tenas e cen­tenas de mi­lhões de euros dos tra­ba­lha­dores, nestes três anos, pelos efeitos má­gicos desta me­dida do go­verno PSD/​CDS, foram parar di­rei­ti­nhos aos bolsos do ca­pital.

E, pior ainda, é que esta me­dida surgiu num quadro mais ex­tenso de al­te­ra­ções ao Có­digo do Tra­balho que in­cluiu a eli­mi­nação de dias de fé­rias, do des­canso com­pen­sa­tório e a re­dução para me­tade do pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar.

A eli­mi­nação destes quatro fe­ri­ados na­ci­o­nais, como re­fere o PCP, além de afectar o di­reito ao re­pouso e ao lazer e à or­ga­ni­zação do tra­balho em con­di­ções so­ci­al­mente dig­ni­fi­cantes, de forma a fa­cultar a re­a­li­zação pes­soal e a per­mitir a ar­ti­cu­lação da vida pro­fis­si­onal, fa­mi­liar e pes­soal, obrigou a tra­balho sem qual­quer acrés­cimo de re­mu­ne­ração.

Mas, para além disto, esta me­dida afectou também de forma ne­ga­tiva a cul­tura e a his­tória do povo por­tu­guês já que al­guns deles têm a ver com im­por­tantes efe­mé­rides da nossa His­tória.

Pois bem, de­pois do 26 de Junho e do 5 de Ou­tubro, graças à luta dos tra­ba­lha­dores e com a de­ter­mi­nante in­ter­venção do PCP, o dia 1 de No­vembro volta a ser fe­riado. Logo a se­guir, o mesmo acon­te­cerá com 1 de De­zembro.

Sempre a provar que valeu e vale a pena lutar. E re­forçar o PCP.

 



Mais artigos de: Opinião

Crise ambiental,<br>crise do capitalismo

No Pro­jecto de Re­so­lução Po­lí­tica do XX Con­gresso afirma-se que as «ques­tões ener­gé­ticas e am­bi­en­tais ga­nharam ainda maior im­por­tância na vida e nas re­la­ções in­ter­na­ci­o­nais que, face à im­por­tância e fi­ni­tude de re­cursos, cons­ti­tuem factor de maior dis­puta eco­nó­mica, po­lí­tica e ge­o­es­tra­té­gica entre as grandes po­tên­cias, por um lado e, por outro, pre­texto para o do­mínio pla­ne­tário».

Onde anda o Correio da Manhã?

Não é caso único, mas o Correio da Manhã tem-se destacado no panorama dos órgãos de comunicação social portugueses por um activismo muito militante em torno de concepções retrógradas e populistas. Podíamos falar das muitas...

No Kiss, No Fly, Money bye bye

A multinacional Vinci continua, impunemente, a utilizar os aeroportos nacionais para drenar milhares de milhões de euros para os seus accionistas. Como se não bastassem os sucessivos aumentos de taxas aeroportuárias (em Dezembro teremos mais um). Como se não bastasse a contabilidade...

Fim ao bloqueio!

Quando este texto chegar às mãos do leitor a Assembleia-geral das Organização das Nações Unidas já terá votado a proposta de Resolução cubana sobre a «necessidade de pôr fim ao bloqueio económico, financeiro e comercial dos EUA...

Disse e fez

Passos Coelho continua a passear a sua Corte de aldeia e dá entrevistas sempre em pose, que já não é de Estado mas do estado a que chegou. Desta vez foi no Público, cinco páginas e dois entrevistadores, que a figura é de estadão. Perguntado sobre a fragilidade...