Barroso vulgaris de Lineu

Carlos Gonçalves

Carl Linneus foi um botânico , zoólogo e médico sueco do século XVIII criador da classificação e nomenclatura científica para as espécies de seres vivos, e é considerado «pai da taxonomia moderna». Sob sua inspiração, temos uma nova classificação do Barroso vulgaris de Lineu, aplicável às criaturas desta espécie.

A notícia, já aqui tratada, foi D. Barroso ser considerado «lobista» pela Comissão Europeia e ter perdido mordomias no acesso VIP à estrutura.

Ficou clara a operação de marketing de pôr meio mundo a falar da «ética» do directório de Bruxelas – que por lá nunca foi vista nos «casos» de Vitorino, Monti, Santer. Tal como ficou evidente que Juncker, presidente da Comissão, é um figurão da espécie barrosista, que veio das benesses do Luxemburgo ao capital financeiro para Bruxelas, enquanto Barroso fez caminho para o Goldman Sachs.

A novidade, que se confirma, é que, provenientes de várias subespécies e famílias – populares, centritas, social-democratas e claro anticomunistas –, os Barroso de Lineu são uma espécie vulgar, endémica ao capitalismo, multirresistente e invasora, ao serviço da ditadura dos «mercados», a crescer em muitos habitats do planeta.

Curiosamente, ou talvez não, muitos passam pelo Clube Bilderberg, como Barroso que substituiu Balsemão no Comité Permanente, no percurso para o «Banco que dirige o Mundo», como os finórios já citados e os que dirigem outras mega-estruturas do capital financeiro, como o extinto Lehman Brothers ou o Deutsche Bank – o «maior risco de colapso financeiro global» e amor maior de Shauble. Ou outros, do aparelho de dominação económica e política do capitalismo – M. L. Albuquerque, P. Portas, L. Amado, M. R. Sousa.

Mas deixemos a listagem – pode acontecer alguma excepção que confirme a regra.

A questão é que estes senhores cobrem Barroso e Juncker e servem os interesses do grande capital e que, mais P. Coelho, A. Cristas e a UE, têm em marcha uma brutal operação para fazer regredir a nova solução política nacional, que importa aos trabalhadores e ao povo consolidar e fazer avançar, na luta por uma política patriótica e de esquerda.

Mais do que uma espécie, os Barroso de Lineu, são uma praga do grande capital, que alguns gostariam de salvar, mas que será historicamente erradicada.




Mais artigos de: Opinião

O consenso de Bruxelas

Os recentes desenvolvimentos na União Europeia são elucidativos da profundidade e persistência da crise que afecta o continente europeu. Uma crise que sendo expressão do aprofundamento da crise estrutural do capitalismo na Europa se manifesta também como uma crise da própria...

Juntar com o bico<br>e espalhar com as patas

O saldo do que aconteceu na última semana, depois do apressado anúncio feito pelo BE e confirmado pelo PS a propósito do imposto sobre o património imobiliário de valor elevado, confirma que posturas e critérios errados não se limitam apenas a criar dificuldades a boas medidas que podem ser tomadas, oferecem ainda de bandeja a outros (neste caso a PSD e CDS) a oportunidade de branquearem as suas opções.

O anúncio

A dirigente do CDS Assunção Cristas foi recentemente ao distrito de Aveiro apresentar a sua candidatura à Câmara Municipal... de Lisboa. A originalidade, chamemos-lhe assim, deixou perplexos até os seus apoiantes, a braços com a necessidade de explicar por que razão a...

A Cultura no OE

O debate de qualquer OE é um debate de números. Mas se há área em que esses elementos quantitativos são também qualitativos é a área da Cultura. E como vêm sendo atirados para o ar alguns montantes, há que tentar colocá-los em perspectiva. As...

Não se enxerga

No mesmo dia em que estava anunciada a rentrée do PS, o PSD inventou uma «Festa da Beira Baixa» para antecipar palco a Passos Coelho. É claro que as televisões foram a correr ouvir o homem que, naquela caranguejola de plateia (aliás, nunca mostrada nas emissões de...