O anúncio
A dirigente do CDS Assunção Cristas foi recentemente ao distrito de Aveiro apresentar a sua candidatura à Câmara Municipal... de Lisboa.
A originalidade, chamemos-lhe assim, deixou perplexos até os seus apoiantes, a braços com a necessidade de explicar por que razão a boa nova foi dada a 200 quilómetros dos potenciais eleitores. Insinuam a línguas viperinas, no caso Mauro Xavier, do PSD, que a explicação pode estar no facto de Cristas ter sido responsável, enquanto membro do governo PSD/CDS, da tristemente célebre lei das rendas, que teve um impacto extremamente negativo na capital. Garantem outros que sendo a «rentrée» em Oliveira do Bairro, nada mais natural do que o dito anúncio. Outros ainda que a indefinição do PSD está a causar brotoeja no CDS, cada vez mais a necessitar de fazer prova de vida. Quanto a Cristas propriamente dita, não explicou a escolha do local, mas fez questão de aduzir duas razões de peso para a sua candidatura: tem o vento de Lisboa colado à pele e a água do Tejo colada à alma. Reconheçamos que é preciso muita cola.
Seja como for, Assunção Cristas, que agora anda muito preocupada com a classe média em geral e os professores em particular, cujos, garante, se têm ido queixar àquele partido por não terem sido colocados, manifestamente já esquecidos do passado recente em que o governo de que a dirigente centrista fez parte os mandou emigrar depois de os lançar no desemprego, Cristas, dizia-se, foi muito saudada pela sua «coragem». O inefável comentador Marques Mendes classificou a decisão como «um tiro no porta-aviões» que era a coligação PSD/CDS; Nuno Melo, segundo às más línguas o «senhor que se segue», garantiu que a actual líder tem condições para alcançar um excelente resultado, o que – diz quem sabe – é uma rebuscada maneira de fazer subir a fasquia dos sete por cento alcançados por Portas quando foi candidato à presidência do município; e o coordenador autárquico do PSD, Carlos Carreiras, não podia ter sido mais simpático quando afirmou que ela será uma mais-valia no futuro executivo municipal, ou seja, como vereadora.
Considerando que falta um ano para as autárquicas, a coisa promete ser animada. Aguarde-se as cenas dos próximos capítulos.