Reentradas sicilianas
Este período do ano é intensamente marcado no plano mediático pelas designadas rentrées partidárias. Para lá da aparente dificuldade em encontrar palavras na língua portuguesa, é preciso sublinhar o óbvio: só reentra quem saiu. De tal forma assim é que partidos há que organizam até duas reentradas, tal foi o desaparecimento em combate…
É nessa amálgama que a Festa do Avante! tem sido emprateleirada pelos diversos órgãos de comunicação social, quando a Festa é precisamente a negação da teoria do «fechar para férias», como aliás só poderia assim ser, tratando-se do PCP.
Talvez por esta tentação, mas também por outras, a Festa é sistemática e afuniladamente tratada apenas sob o prisma das intervenções políticas do Secretário-geral. É justo destacar pela positiva o tratamento diferenciado que o serviço público de rádio e televisão fez – dá gosto ver a Festa tratada em múltiplas dimensões. Mas é também inevitável destacar os órgãos que quiseram tratar a Festa pela exorbitação desta ou daquela presença individual.
Pasme-se que uma televisão conseguiu até dedicar um total de cinco minutos e nove segundos (!) à presença de Marcelo Rebelo de Sousa na Festa…do ano passado. Para além da confusão naturalmente criada, cabe perguntar se na edição de 2016 não haverá motivos de reportagem.
No segundo dia da Festa, a presença de um membro do Governo fez o prato do dia em diversos noticiários, levando até a que uma das peças fosse introduzida por: «segundo dia da Festa do Avante! marcado pela presença de…» Caramba, quem não conheça a Festa até pode ser tentado a pensar que a coisa não reunirá mais de 10 pessoas, tal o impacto de um visitante só…
No sábado passado foi a vez da rubrica pseudo-cor-de-rosa de um certo jornal referindo-se a uma tal de «romaria rosa à Festa do Avante!». Mas será que se pede cartão de filiação partidária à porta? Senão, porquê o espanto? Em tantos milhares de visitantes com partido, sem partido, de outros partidos, que reconhecem ano após ano os méritos da Festa, o que há de novo?
Talvez não haja nada de novo no sucesso político, cultural, desportivo e de massas da Festa do Avante! que a cada ano, sempre nova, se renova, e talvez por isso, os aziados com Abril persistam em com ela fazer contas. Só assim se explica que para uma dada publicação semanal a única óptica que a Festa merece seja a da suspeição, com laivos de máfia italiana, sem lei, nem rei. Até a hora de uma máquina registadora parece ser sinal de uma conspiração obscura de fuga e evasão fiscal. Houvesse tantos olhos rasgados até ao umbigo na investigação das maningâncias dos «patriotas» que põem o dinheiro ao fresco no Panamá e na Holanda e talvez não faltassem recursos ao País…
Quem vai à Festa, sabe que a única máfia na Atalaia é a que contrabandeia a informação do melhor que tem a Festa, com o melhor deste Partido e deste povo.