de direitos e rendimentos
OE 2017 sem espaço para recuos
«O caminho é andar para frente, e não voltar atrás na política», avisou o Secretário-geral do PCP referindo-se ao Orçamento do Estado para 2017 ao intervir num jantar-comício em Grândola.
«Adivinhamos dificuldades tendo em conta o posicionamento da UE», disse Jerónimo de Sousa
No espaço que a Organização Concelhia de Grândola do Partido dinamiza na anual Feira de Agosto, Jerónimo de Sousa responsabilizou as ameaças permanentes da União Europeia (UE) pelas preocupações do PCP para com o OE 2017. Afastou, assim, eventuais acusações sobre uma postura de desconfiança do Partido para com a posição do Governo PS.
«Em relação à questão do OE2017, nós adivinhamos dificuldades, tendo em conta o posicionamento da UE», precisou o dirigente comunista na iniciativa realizada sexta-feira, 26.
As instituições europeias – dotadas de instrumentos de condicionamento e ingerência que o PCP há muito contesta considerando que o País se deve libertar delas para poder empreender uma caminho de desenvolvimento soberano – «vão fazer de tudo: vão ameaçar, vão chantagear, vão colocar sanções de novo em cima da mesa», anteviu.
Porém, questionou perante as dezenas de militantes e amigos do PCP presentes no jantar, podemos nós abdicar deste caminho de reposição de direitos e rendimentos; de salvaguarda de salários, de reformas, de pensões, de serviços públicos? Não peçam isso ao PCP», alertou.
PCP contribuirá
Neste contexto, para Jerónimo de Sousa «o caminho é andar para a frente e não voltar atrás na política (imposta pelo anterior governo PSD/CDS]». Orientação e medidas que, lembrou, desgovernaram o País nos últimos quatro anos.
Quanto ao papel que o PCP irá desempenhar na fase preparatória do Orçamento para o próximo ano, o líder reiterou a disponibilidade dos comunistas para contribuir com propostas próprias e «examinar os conteúdos» daquelas que venham a ser apresentadas pelo Governo do PS.
Caixa central
À margem do jantar-comício em Grândola, o Secretário-geral do PCP, instado pela comunicação social a comentar informações governamentais segundo as quais Bruxelas teria dado o aval para a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (ver conferência de imprensa do PCP nesta página), sublinhou que um «elemento indispensável» no processo é «salvaguardar os interesses [públicos] e os postos de trabalho».
Ou seja, o plano de reestruturação, para além de ter necessariamente de garantir «os direitos dos trabalhadores bancários », deve «ir no sentido não só de recapitalizar, como de reforçar a CGD para aquele objectivo que consideramos fundamental: uma CGD ao serviço da economia, de apoio às famílias e aos pequenos e médios empresários, numa perspectiva de desenvolvimento económico».
Para Jerónimo de Sousa, seria mesmo uma contradição tratar «uma reestruturação e de um reforço da CGD» e, simultaneamente, liquidar parte significativa daquilo que é uma das suas maiores riquezas, que são os próprios trabalhadores», referiu, de acordo com a Lusa.
«Pode-se dizer, “bom, mas são rescisões amigáveis”. Nós, que andamos cá há muitos anos, sabemos o que significa isso. Vai-se com uma rescisão amigável, mas na outra mão a ameaça de um despedimento colectivo».