Ressarcido, não sancionado
Portugal «deve ser ressarcido, e não sancionado», contrapôs a CGTP-IN, reagindo no dia 4, segunda-feira, às afirmações do ministro alemão das Finanças e às ameaças da troika.
Na UE prevalece a imposição de regras pelos países mais fortes
A Comissão Europeia (CE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE) «continuam a não se conformar com o facto de o povo português, nas eleições de Outubro passado, ter rejeitado a “austeridade”, rechaçado o fim da política de cortes nos salários, pensões e direitos e exigido a mudança de política», afirma-se no documento intitulado «Avançar na mudança: travar a ofensiva da CE, BCE e FMI contra os trabalhadores, o povo e o País», que foi apresentado em conferência de imprensa pelo Secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos.
A Intersindical declarou que «rejeita a política de sanções da Comissão Europeia, das pressões dos “mercados” e dos ditames do Tratado Orçamental, e tudo fará, recorrendo inclusive à luta, para defender e afirmar os direitos dos trabalhadores e do povo e a soberania nacional».
O que eles querem...
Para a CGTP-IN, «é sintomática a estratégia delineada pela troika, com o apoio dos seus serviçais em Portugal, para, através da ingerência e chantagem, perpetuar a exploração, as desigualdades e o empobrecimento dos trabalhadores, do povo e do País».
Considerando «inadmissível» qualquer tipo de sanção a Portugal, a Inter observa que «ameaças como as que foram feitas inserem-se numa nova fase do processo de integração capitalista na UE, em que os valores propalados da solidariedade e cooperação, entre estados iguais em direitos e deveres, deram lugar à aplicação de uma política neoliberal única, com a imposição das regras ditadas pelos países mais fortes».
É neste contexto que são vistas as palavras do ministro alemão das Finanças, a propósito de um «segundo resgate», lembrando a Inter que Wolfgang Schäuble as pronunciou «numa altura em que a Alemanha, com os seus excedentes comerciais, está em violação das regras do Tratado Orçamental».
Quanto ao «ultimato» da Comissão Europeia, a Inter considera que ele «representa a condenação da própria política imposta pela troika ao longo dos últimos quatro anos e uma confissão do fracasso da mesma, no que concerne a dotar Portugal de mais e melhores instrumentos para crescer e se desenvolver». A CGTP-IN «reitera que Portugal deve ser ressarcido, e não sancionado, pelos danos causados pelas medidas draconianas impostas pela CE, BCE e FMI».