Alerta britânico
O referendo que hoje, quinta-feira, 23, se realiza no Reino Unido coloca na ordem do dia a crescente impopularidade da União Europeia em todos os estados-membros.
A impopularidade da UE aumentou com a crise
A impopularidade da UE não é propriamente uma novidade e muito menos uma singularidade britânica. Por várias vezes, quando lhes foi dada a palavra, povos de vários países chumbaram nas urnas os grandes projectos federalistas e de integração capitalista.
Hoje, após anos de políticas ditas de «austeridade», de desemprego massificado, de redução dos salários e ataques aos direitos laborais e sociais, a percepção negativa das políticas europeias é maior do que nunca.
Um recente estudo Pew Research Center, publicado dia 7, indica que as opiniões desfavoráveis à União Europeia aumentaram 34 pontos percentuais nos últimos dez anos.
O inquérito constata que, em 2007, a visão negativa da UE era partilhada por 15 por cento em média nos dez países analisados. Em 2016, essa percentagem subiu para 49 por cento.
O conjunto de países (Alemanha, Espanha, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Polónia, Reino Unido e Suécia) representa 80 por cento da população da UE e 82 por cento da sua economia.
A Grécia lidera o descontentamento, com 71 por cento das respostas a apontarem mais inconvenientes do que vantagens em pertencer à UE.
Segue-se França com 61 por cento, a Espanha (49%) e o Reino Unido (48%).
Curiosamente a percentagem de «descontentes» britânicos é semelhante à de países como a Alemanha (48%) ou a Holanda (46%).
Os países onde a opinião positiva tem mais peso são a Polónia (72%), a Hungria (61%), a Itália (58%) e a Suécia (54%).
Nos países do Sul, 65 por cento dos espanhóis, 66 por cento dos franceses, 68 por cento dos italianos e 92 por cento dos gregos desaprovam a gestão económica da UE.
Mais de dois terços consideram que a UE geriu mal a crise dos refugiados e são mais os que reclamam a devolução de poderes nacionais do que os que defendem uma maior centralização em Bruxelas.