Greenpeace alerta para perigos sociais do TTIP

UE sob tutela dos EUA

A Gre­en­peace di­vulgou, dia 2, através da In­ternet, 248 do­cu­mentos se­cretos re­fe­rentes às ne­go­ci­a­ções do Acordo de Par­ceria Tran­sa­tlân­tica de Co­mércio e In­ves­ti­mento (TTIP).

Es­tados Unidos pre­tendem mudar as leis na UE

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A de­le­gação ho­lan­desa da or­ga­ni­zação am­bi­en­ta­lista afirma que os do­cu­mentos das con­ver­sa­ções in­dicam que os Es­tados Unidos têm a «in­tenção de­li­be­rada de mudar o pro­cesso le­gis­la­tivo e de­mo­crá­tico da União Eu­ro­peia», pre­ten­dendo «in­ter­ferir di­rec­ta­mente nos pro­cessos de de­cisão ao nível da UE e também junto de cada país».

«Por exemplo, se o par­la­mento de Por­tugal quiser de­bater ou votar um as­sunto qual­quer, antes dessa pro­posta ser man­dada para o par­la­mento, os Es­tados Unidos querem ser in­for­mados e poder pro­nun­ciar-se» pre­vi­a­mente.

Além do mais, o me­ca­nismo «não fun­ciona ao con­trário, porque os Es­tados Unidos não ad­mitem que a Eu­ropa faça o mesmo», re­feriu à Agência Lusa Faiza Ou­lahsen, porta-voz da Gre­en­peace Ho­landa.

Os do­cu­mentos fazem parte do ras­cunho ofi­cial do tra­tado, com­posto por mais de vinte ca­pí­tulos, dos quais a Gre­en­peace ob­teve 13 ca­pí­tulos com «texto con­so­li­dado».

Para a or­ga­ni­zação am­bi­en­ta­lista, isto sig­ni­fica que a União Eu­ro­peia e os Es­tados Unidos já têm po­si­ções muito firmes e co­meçam agora a for­ma­lizar o texto final do tra­tado.

Pe­dindo a ime­diata sus­pensão das ne­go­ci­a­ções, a or­ga­ni­zação exige ter acesso a todos os do­cu­mentos, «porque as pes­soas têm o di­reito de saber o que está a ser ne­go­ciado», disse a mesma porta-voz da Gre­en­peace Ho­landa.

Su­jeição aos EUA

Os do­cu­mentos re­ferem-se à 12.ª ronda ne­go­cial sobre o Acordo de Co­mércio e o In­ves­ti­mento Tran­sa­tlân­ticos, que teve lugar em Bru­xelas entre os dias 22 e 26 de Fe­ve­reiro.

O seu con­teúdo mostra uma re­a­li­dade dis­tinta da que a Co­missão Eu­ro­peia tem pro­pa­lado, no­me­a­da­mente no que se re­fere às po­si­ções dos Es­tados Unidos, que podem ter fortes im­pactos so­ciais, de­sig­na­da­mente na saúde, le­gis­lação la­boral e meio am­bi­ente.

Em con­creto, as po­lí­ticas de pro­tecção am­bi­ental, saúde, se­gu­rança ali­mentar da União Eu­ro­peia ou não são men­ci­o­nadas ou são con­tra­ri­adas por pro­postas nas ne­go­ci­a­ções.

A or­ga­ni­zação eco­lo­gista in­siste que existem «im­por­tantes riscos para o clima, o meio am­bi­ente e a pro­tecção do con­su­midor».

Hoje, por exemplo, os Es­tados Unidos não estão au­to­ri­zados a vender certos pro­dutos cuja se­gu­rança não tenha sido tes­tada e pro­vada. Mas caso o TTIP seja adop­tado, uma lista de 400 pro­dutos tó­xicos proi­bidos na UE (pes­ti­cidas, an­ti­bió­ticos ou pro­dutos quí­micos) pas­sa­riam a poder ser co­mer­ci­a­li­zados li­vre­mente.

Também a pro­tecção do meio am­bi­ente pa­rece não estar pre­sente nas ne­go­ci­a­ções. Em «ne­nhum dos ca­pí­tulos se faz re­fe­rência à regra de ex­cepção geral in­cluída no Acordo Geral sobre Ta­rifas e Co­mércio da Or­ga­ni­zação Mun­dial do Co­mércio, que per­mite aos países re­gular o co­mércio para pro­teger a vida e a saúde de seres hu­manos, ani­mais e plantas» ou «para a con­ser­vação dos re­cursos na­tu­rais», re­fere a Gre­en­peace.

Para a or­ga­ni­zação, a omissão desta regra «su­gere que ambas as partes criam um re­gime que co­loca o lucro à frente da vida e da saúde dos seres hu­manos, ani­mais e plantas».

Em re­lação ao clima, a Gre­en­peace frisa ainda que «não há nada [nos do­cu­mentos] que aponte para a pro­tecção do clima», nem se­quer uma re­fe­rência ao acordo COP21 de Paris.




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