Reunião de quadros
da Organização Regional do Porto

Trilhar os caminhos do futuro

Três cen­tenas de qua­dros da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto par­ti­ci­param, no dia 19, numa reu­nião re­gi­onal pre­pa­ra­tória do XX Con­gresso do Par­tido, que contou com a pre­sença de Je­ró­nimo de Sousa.

Os tempos mais pró­ximos serão exi­gentes para o PCP

O con­junto das in­ter­ven­ções pro­fe­ridas na reu­nião re­flectiu a von­tade dos mi­li­tantes do Par­tido de con­tri­buir, com a sua opi­nião, para a pre­pa­ração do Con­gresso, para va­lo­rizar o pa­tri­mónio his­tó­rico de acção e luta do PCP, e mais do que tudo, tra­ba­lhar para cum­prir as ta­refas imensas que se adi­vi­nham no fu­turo.

A pri­meira in­ter­venção foi de­di­cada às ques­tões dos fundos do Par­tido, e deu a co­nhecer um dos as­pectos apu­rados pela úl­tima acção de ac­tu­a­li­zação de dados: um au­mento de oito por cento na re­ceita de quo­ti­zação da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Porto no ano de 2015. Este re­sul­tado, «não sendo um au­mento ele­vado, é no en­tanto um sinal po­si­tivo», tal como re­feriu a mi­li­tante, que pron­ta­mente acres­centou que a «grande questão que agora se co­loca, é como con­se­guir alargar esta ta­refa [de co­brança de quotas] a mais ca­ma­radas em cada uma das or­ga­ni­za­ções de base».

Outro orador afirmou que «pela fluidez da si­tu­ação po­lí­tica, pela ma­ni­pu­lação me­diá­tica (…), pelas os­ci­la­ções pró­prias do en­ten­di­mento que tornou pos­sível a ac­tual so­lução go­ver­na­tiva, temos pela frente de­sa­fios exi­gentes», e que por isso mesmo a «or­ga­ni­zação do tra­balho uni­tário é hoje vital». É com base nessa re­a­li­dade, con­ti­nuou, que de­vemos en­frentar esta nova etapa da vida po­lí­tica na­ci­onal com «es­pí­rito aberto, vol­tados para a luta, sem en­con­cha­mentos», fa­zendo do tra­balho uni­tário com ou­tros de­mo­cratas uma «ro­tina das nossas reu­niões, sem pre­juízo da nossa or­ga­ni­zação». Nas or­ga­ni­za­ções de base, re­feriu ainda outro par­ti­ci­pante, «não temos uma li­gação tão pro­funda como de­víamos entre os ca­ma­radas com mais idade e os jo­vens da JCP», o que im­porta ul­tra­passar.

Romper bar­reiras

Vá­rios foram os mi­li­tantes que se re­fe­riram ao si­len­ci­a­mento das pro­postas do Par­tido pelos grandes meios de co­mu­ni­cação so­cial e que apon­taram o re­forço da acção pró­pria de pro­pa­ganda e da di­vul­gação da im­prensa do Par­tido como ele­mento fun­da­mental para con­tra­riar este blo­queio. Um orador, em par­ti­cular, sin­te­tizou essa tese de ma­neira par­ti­cu­lar­mente ori­ginal: afirmou que para com­bater os «po­li­tó­logos» das te­le­vi­sões, pre­ci­samos de mais «ar­di­nó­logos» ven­de­dores do Avante! nas ruas.

O membro mi­li­tante, re­fe­rindo-se à im­por­tância das bancas de rua para venda do Avante!, acres­centou que até «pode não se vender muitos, mas só pelo facto de o Par­tido estar na rua, já ga­nhamos». Em sua opi­nião, a im­por­tância destas bancas é es­sen­cial para a ha­bi­tu­ação e afir­mação da nossa pre­sença nesses lo­cais pú­blicos, afirmou, acres­cen­tando que al­gumas pes­soas que passam, se é certo que não com­pram o jornal, «olham sempre para a banca, que mantém a ban­deira do PCP sempre pre­sente». Su­bli­nhando que «isto con­tado, é uma coisa, par­ti­ci­pando é outra», o mi­li­tante co­mu­nista con­vidou em se­guida todos aqueles «que o possam fazer a pro­curar uma banca de rua», pois «vão ver que vale bem a pena».

O valor su­premo da luta

Sobre a si­tu­ação nos lo­cais de tra­balho um orador re­feriu que «muitos da­queles com que fa­lamos, sem se aper­ce­berem des­va­lo­rizam a luta», mas quando ga­nham a noção de que foi com a sua luta que o go­verno PSD/​CDS saiu der­ro­tado nas úl­timas elei­ções e que foi pos­sível – ainda que de forma in­su­fi­ci­ente – re­cu­perar al­guns di­reitos e me­lhorar a qua­li­dade de vida isso é já uma con­quista».

No que toca a va­lo­rizar o papel da luta, um outro ca­ma­rada, que é igual­mente di­ri­gente sin­dical, re­feriu que a «nossa grande força re­side em es­tarmos li­gados à vida, ao tra­balho, aos pro­blemas nos ser­viços pú­blicos» que afectam as po­pu­la­ções e os tra­ba­lha­dores. «Se não es­ti­vés­semos li­gados à luta», per­guntou, «como po­de­ríamos ter tra­vado as lutas que tra­vámos»? O mesmo orador acres­centou ainda que «se não fossem os co­mu­nistas como fa­ríamos uma luta como a que está a acon­tecer na Pe­trogal, que dura desde Ja­neiro?», pro­vo­cando aplausos que con­ti­nu­avam à me­dida que o ca­ma­rada pros­se­guia: «Como fa­ríamos a luta na Inapal Plás­ticos? Ou na Ca­e­tano Bus?»

Sobre a questão da cul­tura, um dos par­ti­ci­pantes na reu­nião re­feriu que essa é «uma ban­deira do Par­tido», e que mais uma vez este sector está sem o mí­nimo de apoio, pelo que é muito di­fícil para os tra­ba­lha­dores do sector re­sistir, pois muitos deles «estão de­sem­pre­gados ou a tra­ba­lhar em call-cen­ters». Nesse con­texto, «ir a uma sala de te­atro, com­prar um CD ou com­prar um livro, neste mo­mento, é acto de re­vo­lução, de re­sis­tência».

 

Je­ró­nimo de Sousa
O Con­gresso é uma cons­trução co­lec­tiva

In­ter­vindo na reu­nião de qua­dros do Porto, como fi­zera em Lisboa e Se­túbal, Je­ró­nimo de Sousa co­meçou por su­bli­nhar al­guns dos as­pectos es­sen­ciais da pre­pa­ração do XX Con­gresso do PCP e do quadro po­lí­tico e so­cial em que ele se vai re­a­lizar. A par­ti­ci­pação do co­lec­tivo par­ti­dário neste pro­cesso, ga­rantiu de­verá ser a «maior e mais ampla» pos­sível.

O ponto de par­tida é a Re­so­lução do Co­mité Cen­tral sobre a pre­pa­ração do Con­gresso, que «com­porta ele­mentos in­di­ca­tivos que, não er­guendo fron­teiras nem li­mites, en­qua­dram e po­ten­ciam tanto o de­bate de ques­tões es­pe­cí­ficas como as ques­tões ge­rais». Assim, pre­cisou o di­ri­gente co­mu­nista, é «in­con­tor­nável que no plano na­ci­onal se re­flicta sobre a nova si­tu­ação po­lí­tica en­con­trada, tendo em conta a al­te­ração da re­lação de forças re­sul­tante das elei­ções de 4 de Ou­tubro».

Cinco apon­ta­mentos

Sobre essa re­flexão, Je­ró­nimo de Sousa deixou cinco apon­ta­mentos: no pri­meiro, su­bli­nhou a vi­o­lência da ofen­siva que nos úl­timos quatro anos fus­tigou pro­fun­da­mente os «tra­ba­lha­dores e quase todas as ca­madas e classes so­ciais an­ti­mo­no­po­listas» e des­tacou a re­sis­tência e luta que acabou por ditar a der­rota elei­toral do PSD e do CDS. No se­gundo des­tacou o apro­vei­ta­mento, por parte do Par­tido, da nova re­lação de forças para pro­curar im­ple­mentar me­didas de re­po­sição de sa­lá­rios e di­reitos, de­fender os ser­viços pú­blicos e travar as pri­va­ti­za­ções. «Desse nosso em­pe­nha­mento re­sultou a “Po­sição con­junta do PS e do PCP sobre so­lução po­lí­tica”», su­bli­nhou.

De­pois de adi­antar o ter­ceiro apon­ta­mento – a re­a­fir­mação de que o grau de con­ver­gência ex­presso na po­sição con­junta de­finiu e de­fine o grau de com­pro­misso do PCP –, Je­ró­nimo de Sousa voltou a in­sistir na ideia de que o «al­cance li­mi­tado e in­su­fi­ci­ente da po­sição con­junta não pode levar à des­va­lo­ri­zação do que foi al­can­çado e in­cluído no Or­ça­mento do Es­tado de 2016» e através de ou­tras me­didas apro­vadas por ini­ci­a­tiva do PCP – esta é a quarta ideia. A este pro­pó­sito, o di­ri­gente co­mu­nista lem­brou a «re­acção zan­gada e vin­ga­tiva do PSD e do CDS, e do então Pre­si­dente da Re­pú­blica», e as ame­aças e chan­ta­gens da União Eu­ro­peia e do FMI.

O quinto apon­ta­mento dei­xado por Je­ró­nimo de Sousa quanto à ac­tual si­tu­ação po­lí­tica prendeu-se com a ne­ces­si­dade de romper com os cons­tran­gi­mentos, re­gras, tra­tados e po­lí­ticas da UE, que «im­pedem o nosso de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico so­be­rano». Sem esta rup­tura, sem uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, «não há so­lução du­ra­doura», acres­centou. Re­al­çando as li­mi­ta­ções e con­tra­di­ções do PS, o Se­cre­tário-geral do Par­tido es­cla­receu que a «se­ri­e­dade e a fron­ta­li­dade do PCP em todo este pro­cesso mantêm-se da nossa parte, não es­que­cendo nunca que o nosso prin­cipal com­pro­misso é com os tra­ba­lha­dores e o povo por­tu­guês».

Re­forçar a or­ga­ni­zação

A parte final da in­ter­venção de Je­ró­nimo de Sousa foi de­di­cada ao ne­ces­sário re­forço do Par­tido, num «quadro po­lí­tico so­cial e in­ter­na­ci­onal de grande exi­gência e com­ple­xi­dade, numa re­lação de forças des­fa­vo­rável às forças pro­gres­sistas, aos tra­ba­lha­dores e aos povos». O Se­cre­tário-geral des­tacou em se­guida al­gumas pri­o­ri­dades de re­forço do Par­tido: o re­cru­ta­mento de novos mi­li­tantes e a sua in­te­gração na or­ga­ni­zação; a fi­na­li­zação da acção de con­tacto com os mem­bros do Par­tido; a es­tru­tu­ração da or­ga­ni­zação e a me­lhoria do seu fun­ci­o­na­mento; o re­forço da or­ga­ni­zação e in­ter­venção junto da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores e a es­tru­tu­ração do tra­balho junto de ca­madas, sec­tores so­ciais e áreas de in­ter­venção es­pe­cí­ficas; a di­na­mi­zação das or­ga­ni­za­ções lo­cais; a di­fusão da im­prensa; a di­na­mi­zação das es­tru­turas de in­for­mação e pro­pa­ganda; e a sal­va­guarda da in­de­pen­dência fi­nan­ceira.

 



Mais artigos de: PCP

Vitória no Metro<br>e na Carris

Je­ró­nimo de Sousa es­teve ontem, 27, com os tra­ba­lha­dores do Me­tro­po­li­tano de Lisboa a saudar a re­po­sição dos com­ple­mentos de re­forma aos apo­sen­tados, após 27 meses de luta.

O direito à dignidade

A acção do PCP junto dos re­for­mados, pen­si­o­nistas e idosos ter­minou na se­mana pas­sada após um mês in­tenso mar­cado por cen­tenas de ini­ci­a­tivas em todo o País.

Garantir até ao fim<br>o êxito da campanha

A poucos dias do fim da campanha nacional de fundos «Mais Espaço, Mais Festa. Futuro com Abril», lançada em Outubro de 2014 com o objectivo de custear a aquisição da Quinta do Cabo, as organizações e militantes do Partido e muitos amigos da Festa do Avante! fazem um...

Reforçar o Partido e a luta

«Um PCP mais forte para um con­celho com me­lhor fu­turo» foi o lema da 13.ª As­sem­bleia da Or­ga­ni­zação Con­ce­lhia de Se­túbal do PCP, que se re­a­lizou no dia 17 no au­di­tório Charlot.

Jerónimo de Sousa<br>visitou Ovibeja

Jerónimo de Sousa visitou na semana passada a Ovibeja, a convite da comissão organizadora daquela que é a grande feira do Sul do País. O Secretário-geral, acompanhado de muitos dirigentes regionais do Partido, teve oportunidade de contactar com centenas de...

«Praça Hugo Chávez»<br>na Amadora

A Comissão Concelhia da Amadora do PCP emitiu um comunicado de repúdio pelo teor das notícias emitidas na SIC acerca da inauguração, no concelho, da Praça Hugo Chávez. Começando por «apreciar» o destaque dado a essa...