«Tantas histórias. Quantas perguntas»

Manuel Rodrigues

O terrorismo é uma velha arma das classes dominantes. Sob as formas mais diversas, foi usado para «justificar» guerras, invasões, ocupações, colonizações, operações de saque e os processos mais bárbaros de centralização e concentração da riqueza nas mãos dos monopólios. Foi um fenómeno desta natureza que levou o PCP a definir o fascismo em Portugal como «ditadura terrorista dos monopólios (associados ao imperialismo) e dos latifundiários». Assume as facetas mais diversas conforme os tempos, circunstâncias e lugares para ocultar a sua real natureza e objectivos. Manifesta-se também nas violentas explosões que provocam destruição, caos, sofrimento e morte. Ceifa vidas às dezenas, centenas ou milhares, das formas mais impiedosas e cruéis, incluindo nas guerras que promove. Não selecciona idade, género, credo. O seu fim é fomentar o medo que sirva de terreno fértil ao irracional germinar de atitudes de desistência e afastamento da política e de aceitação acrítica e passiva da ordem estabelecida tornada mais agressiva com a liquidação das liberdades e garantias individuais e colectivas. Em nome duma suposta «segurança», que afinal mais não é do que uma ordem antidemocrática, repressiva e xenófoba.

Face da mesma moeda são as manifestações de força da extrema direita, dos grupos nazis, neonazis, fascistas e protofascistas (que as classes e os poderes dominantes apoiam de forma mais encoberta ou aberta conforme as suas necessidades e conveniências no momento).

Criado o «clima político» propício, seguem-se geralmente as invasões e ocupações; as violações à soberania e independência nacionais; as pressões e ingerências nos assuntos internos e a desestabilização política dos estados.

Não foi isto que vimos na actuação da rede terrorista-bombista em Portugal contra a nossa Revolução de Abril e para tentar impedir a consagração das suas conquistas na nossa Constituição?

Não será isto que estamos a ver nas medidas securitárias na França e na Bélgica? Não será isto que «justifica» o tratamento cruel e desumano dado aos refugiados pela UE e pela NATO? Não foi isto que já vimos no bombardeamento da Jugoslávia, na invasão do Afeganistão e do Iraque, na agressão à Líbia, nos avanços do fascismo na Ucrânia, na ocupação da Palestina por Israel, nos ataques à Síria?

Lembrando Brecht, «tantas histórias, quantas perguntas».

 



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