O que lhes dói…

Ângelo Alves

A visita do presidente dos EUA, Barack Obama, à República de Cuba é um verdadeiro acontecimento histórico. Pelo facto de ser inédito na história de Cuba revolucionária; de representar um passo na alteração da política dos EUA face a Cuba; e de materializar uma importantíssima vitória política e diplomática da Revolução cubana.

Quando redigimos estas linhas ainda a visita de Obama não terminou. Contudo é já possível identificar alguns resultados e pontos positivos. O primeiro é a visita em si. Cuba recebeu Obama como tinha afirmado que o ia fazer: com respeito e com a hospitalidade que caracteriza o seu povo. Mas também com a dignidade e firmeza de quem há meio século resiste às manobras, guerra económica e política e atentados das sucessivas administrações dos EUA. O segundo é o conteúdo concreto dos acordos alcançados, quer no campo das relações económicas e diplomáticas, quer de intercâmbio nas áreas da saúde e educação. Não porque tenham uma dimensão significativa, ou mesmo grande importância económica, mas porque elas próprias furam o bloqueio que os EUA impõem a Cuba e retiram campo à sua extraterritorialidade. O terceiro ponto, e talvez o mais positivo, é que durante três dias as televisões de todo o Globo noticiaram esta visita. E o que o Mundo viu foi um país soberano, independente, firme nas suas convicções, receber com dignidade e respeito o presidente dos EUA e com este dialogar de igual para igual. Um respeito e uma dignidade bem patentes na conferência de imprensa conjunta em que Barack Obama reconheceu os avanços notáveis de Cuba em diversas áreas e afirmou que o destino de Cuba cabe unicamente aos cubanos.

Como seria de esperar os mais retintos anti-cubanos espumaram veneno face aos acontecimentos. Não tanto porque a visita de Obama tenha terminado com o bloqueio que eles tanto defendem, ou que tenha significado uma mudança significativa na política de ingerência dos EUA que lhes paga o «salário». Não… o seu nervosismo tem a ver com uma coisa que lhes dói mais… é que esta visita é um sinal de tolerância, diálogo e respeito mútuo e, acima de tudo, uma vitória de Cuba na luta das ideias. Uma luta que agora continua sob novas e mais exigentes condições.




Mais artigos de: Opinião

Com o PCP<br>intervenção e luta

O PCP comemora este ano o seu 95.º aniversário. Uma história exaltante construída na sua relação umbilical com o proletariado, a classe operária e todos os trabalhadores portugueses, numa luta incessante, mesmo nas mais difíceis condições e conjunturas, pela liberdade, a democracia, o socialismo e o comunismo.

Arquivo Cesto

Não faço ideia se a saga do «Arquivo Mitrokhin», a que o Expresso dedicou, em duas semanas seguidas, vinte páginas da sua revista, vai continuar ou não. Seja como for, e uma vez que a coisa, só assim, já fede muito mais do que a conta, importará definir em...

A chuápe

É natural que não saibas o que é uma chuápe. No fundo, são uma espécie de gambuzino chupista. Nunca ninguém viu nenhum, mas toda a gente já ouviu falar deles apesar de ninguém saber de facto o que são. Mas ao contrário dos gambuzinos, as...

Teima a tresler

Passos Coelho continua a divagar pelo País de bandeirinha na lapela e acintes em tom de barítono – a sua especialidade –, espalhando a boa nova de que ganhou as eleições do passado mês de Outubro de 2015, apesar de o seu governo, todo juntinho no PaF, ter obtido 38,5 por...

Brasil<br>A luta continua

O Brasil vive tempos difíceis. A reacção e o imperialismo nunca se conformaram com as mudanças de sentido progressista que desde 2003 melhoraram as condições de vida de muitos milhões de brasileiros e nunca desistiram de reverter um processo que, apesar de ter mantido...