Ready-to-go

Anabela Fino

A notícia é da CNN, tem duas semanas e não mereceu a atenção dos media: na Noruega, onde por estes dias decorrem manobras militares da NATO com o nome de código «Resposta Fria 16», estão a ser reequipadas as bases subterrâneas secretas que abrigam armamento norte-americano para um eventual confronto com a Rússia.

A existência das referidas bases data do início dos anos 80 do século passado, do período da chamada «guerra fria», e faz parte do que os EUA classificaram então como um esforço para reforçar as defesas da NATO contra a União Soviética. Com o fim da URSS, a lógica da manutenção do complexo de subterrâneos chegou a ser posta em causa, mas as bases acabaram por ser salvas... pela Noruega. Com efeito, o país que em 2007 foi considerado como o «mais pacífico do mundo» pelo Índice Global da Paz e que ainda em 2014 ocupava o 10.º lugar naquela classificação, bem à frente de Portugal, esse país, dizia, não hesitou em arcar com o custo de preservação das instalações durante a década de 1990. A decisão veio a revelar-se acertada – ou talvez se deva dizer «compensadora» – e o pessoal e equipamento das bases revelou-se «útil», designadamente no apoio a operações no Iraque.

A «pacífica» Noruega e a sua rede de subterrâneos secretos voltam agora a ganhar protagonismo. Segundo as fontes citadas pela CNN, as novas tensões entre a NATO e a Rússia colocam uma vez mais na ordem do dia, na perspectiva dos EUA, a necessidade de estar ready-to-go, e estar pronto a avançar significa, neste contexto, dispor de equipamento pré-posicionado perto da longa fronteira que a Rússia partilha com a Noruega, o que reduz custos e aumenta a capacidade de intervir.

Clarificando, é de preparação para a guerra que se está a falar, o que inclui os exercícios militares no gélido cenário norueguês e o pré-posicionamento de material bélico nos estados bálticos, na Polónia e na Europa Central, assumidamente considerados «como um teatro de operações».

Não por acaso, o Departamento de Defesa dos EUA anunciou recentemente que os custos com a Iniciativa Europeia Reassurance, para «deter a agressão russa contra aliados da NATO», ascende já a 3,4 mil milhões de dólares. De saída da Casa Branca, Barack Obama, que leva na bagagem um prémio Nobel da Paz, deixa a Europa armadilhada.

 



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