Eles andam aí!

João Frazão

Passos Coelho e Paulo Portas fizeram, vai para dois anos, declarações formais e festejos vários para celebrar a ocasião.

Segundo eles, a situação assim o exigia. A troika tinha ido embora.

Era a chamada saída limpa. Nem à grega nem à irlandesa, era uma saída à portuguesa, limpa (é a segunda vez que uso a expressão, mas quem se lembre confirmará que ela foi usada até à exaustão!).

A poucos meses das últimas eleições legislativas, PSD e CDS fizeram mesmo uma iniciativa para assinalar o primeiro aniversário da saída da troika. Era necessário sublinhar essa grande vitória do governo, mesmo que construída em cima de sacrifícios incontáveis dos trabalhadores e do povo, da destruição do aparelho produtivo, da degradação dos serviços públicos, mas isso não interessava para nada, porque tínhamos conseguido!

Passos, Portas e Cavaco cavalgaram esse feito até à exaustão, com o objectivos eleitorais que, felizmente, não atingiram.

Eis senão quando os portugueses podem ler nas páginas da comunicação social que ela, a troika, está de volta.

Gostaram do País, do sol, das praias e das paisagens bonitas? Nem por isso! Voltaram porque, afinal, nunca foram embora. Porque, como na altura denunciámos, não houve saída nenhuma, e muito menos saída limpa.

A troika, na prática, nunca saiu de Portugal. Agora apenas regressaram os seus agentes e logo com um caderno de encargos de ingerência na vida nacional, de exigências de mais exploração, e de benefícios para a banca e para o grande capital, de saque dos recursos nacionais .

Aí estão eles, a reclamarem maior flexibilidade nas relações laborais, leia-se maior facilidade para despedir, a querer abocanhar nos portos nacionais, ou a exigir menos défice a todo o custo, leia-se com mais roubos aos trabalhadores e ao povo.

Mas o que anda esta gente a fazer, já nós sabemos, a questão é dar-lhes combate e aos seus objectivos e afirmar o direito a realizar uma política ao serviço dos trabalhadores, do povo e do progresso do País.

E coloca-se também a questão de reclamar que o actual Governo, no respeito pelos compromissos assumidos com o povo português, se posicione, numa atitude patriótica de defesa da nossa soberania, perante tais exigências!




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