Proximidade com o povo
Edgar Silva dedicou o dia de sábado, 12, ao distrito de Braga, com acções em Guimarães, em Fafe e no centro de Braga. A jornada terminou com um grande jantar de Natal, que juntou mais de 320 apoiantes da candidatura.
«O Presidente da República deve ser um provedor do povo»
Dezenas de apoiantes juntaram-se no Largo Condessa do Juncal, bem no centro histórico de Guimarães, para uma arruada pelas principais artérias da cidade.
«Esta é a forma que queremos imprimir quer à campanha eleitoral, quer ao próprio exercício no mandato presidencial: proximidade e contacto com o povo», afirmou logo à chegada, o candidato presidencial, explicando a razão de uma segunda visita à Cidade Berço. «Compreende-se que o actual Presidente da República tenha dificuldade em lidar com esta forma de estar na política, uma vez que quando sai à rua é apupado e vaiado em todo o lado», acrescentou. «É a reacção natural das pessoas, das vítimas da política de desastre dos últimos anos, que foi sempre sancionada pela acção ou pela omissão de Cavaco Silva».
A jornada acabaria por confirmar a importância de um estilo de campanha assente no contacto directo com as populações. Falando com dezenas de pessoas no percurso pelas ruas da cidade Património da Humanidade, Edgar Silva apelou à participação de cada um nas eleições de 24 de Janeiro, ouvindo sempre as preocupações daqueles que interpelava.
«Esta é a grande vantagem de contactar com o povo, quando se tem disponibilidade para o ouvir: fica-se com uma riqueza única de conhecimento e de reflexão, fica muito vincada a angústia, a indignação e a revolta de muitos cidadãos face à política dos últimos anos, às consequências na sua vida concreta – desemprego, dificuldades e problemas – e à cumplicidade do ainda Presidente da República», sintetizou Edgar Silva no balanço da manhã.
Em defesa da produção leiteira
Depois de um longo percurso até ao Lugar de Prado, na freguesia de Seidões, Fafe, a candidatura aproveitou o início da tarde para visitar uma exploração leiteira.
À chegada, o produtor Nelson Castro deu o mote para a difícil situação em que se encontra este sector agrícola. «Faltam-me quatro anos para pagar a dívida que contraí para modernizar a exploração. Hoje, estamos só a trabalhar para as despesas. Se isto não melhorar, quando acabar de pagar a dívida desisto disto. Gosto muito desta actividade, mas se calhar não tenho alternativa ao caminho de muitos outros colegas nossos, que têm que encerrar as explorações porque não aguentam os prejuízos», disse.
Natalie Castro, a agricultora responsável pela exploração, onde trabalha apenas com o marido, lembrou os trabalhos que uma exploração deste género comporta. No final de uma visita bastante esclarecedora sobre a situação da produção de leite no nosso País, designadamente sobre as consequências do fim das quotas leiteiras, Edgar Silva sublinhou o seu objectivo de «dar visibilidade aos sectores que têm grandes potencialidades mas que estão a ser vítimas de uma política de protecção dos interesses dos grandes produtores europeus, em detrimento da produção nacional».
Assinalando que «o fim das quotas está a matar a produção leiteira», lembrou que «a Constituição da República Portuguesa obriga o Estado a dar apoio preferencial à pequena e média agricultura familiar», lamentando que, ao contrário disso, «80 por cento dos apoios ao sector estejam a ser entregues a apenas cinco por cento dos agricultores, ou seja, aos grandes senhorios rurais», com o silêncio cúmplice e mesmo o apoio dos sucessivos presidentes da República.
Provedor do povo
Em Braga, na Arcada, ao fim da tarde, numa praça repleta de gente em plena azáfama das compras de Natal, Edgar Silva, assumindo-se como um candidato «desavergonhadamente de esquerda», insistiu, em declarações aos jornalistas, que «o Presidente da República deve ser um provedor do povo», papel que o actual Presidente da República não teve, nem quis ter, mas que também não podia assumir, pois «não exerce uma actuação de proximidade com as pessoas». «Eu, pelo contrário», prosseguiu, «serei um Presidente sem medo de andar na rua, sem medo do povo», sem medo de ouvir «as muitas queixas que hoje ouvi, designadamente dos pequenos e médios empresários», contra a elevada carga fiscal a que estão sujeitos, «sobre os cortes nos salários e pensões e a política de empobrecimento e exploração que se acentuou nos últimos tempos».
No final de uma jornada marcada pelo ambiente de confiança, o apoio e o estímulo de muitas das pessoas com quem a caravana se cruzou, o candidato participou na tradicional ceia de Natal promovida pela Organização Regional de Braga do PCP.
Dignificar os agentes de segurança
Edgar Silva e membros da sua candidatura realizaram no dia 14, em Lisboa, uma audição com representantes dos sindicatos e associações profissionais das forças e serviços de segurança. No encontro intervieram os presidentes destas organizações, nomeadamente Paulo Rodrigues (ASPP-PSP), César Nogueira (APG-GNR), Jorge Alves (SNCGP), Acácio Pereira (SCIF-SEF), Albuquerque Amaral (ASF-ASAE) e Miguel Soares (ASPPM), que abordaram questões como a falta de efectivos para o exercício das suas missões, os estatutos profissionais, a dignificação dos profissionais e agentes, o perigo de se confundir segurança interna com defesa nacional, e, dando nota dos seus problemas e preocupações, questionaram Edgar Silva sobre o que faria se fosse eleito Presidente da República.
O candidato apoiado pelo PCP salientou a importância da missão dos profissionais representados na audição, na defesa da legalidade democrática e na garantia da segurança dos cidadãos, e sublinhou que a Constituição da República a distingue de forma inequívoca da missão das Forças Armadas, considerando que não faz sentido que as forças de segurança não tenham todas natureza civil, como acontece com a GNR e a Polícia Marítima.
Respondendo às questões colocadas, Edgar Silva referiu a importância dos estatutos profissionais e das leis orgânicas, e disse não ser admissível que haja forças ainda sem estatutos profissionais ou que estes não sejam cumpridos por falta de regulamentação ou de dotação financeira. Abordou ainda a importância de um código da condição policial que atenda à especificidade da missão policial, em particular ao risco, ao desgaste rápido e ao permanente estado de alerta.
O candidato presidencial defendeu que as forças de segurança não devem ser instrumentalizadas em conflitos laborais, na defesa dos interesses do patronato, ou usadas para impedir o exercício das liberdades cívicas e do direito ao protesto. Criticou ainda a tentativa, por parte de alguns detentores do poder, de colocar os cidadãos perante a alternativa «liberdade ou segurança», concluindo que, quando prescindimos dos direitos e da liberdade, acabamos por ficar sem liberdade e sem segurança.