Le Pen derrotada
O eleitorado francês respondeu ao apelo de partidos e sindicatos, barrando o avanço da Frente Nacional na segunda volta das regionais.
Franceses travam ascenso da Frente Nacional
Grande vencedora na primeira volta do escrutínio, dia 6, quando foi a força mais votada em seis regiões, nalguns casos com mais de 40 por cento, a Frente Nacional de Marine Le Pen revelou-se incapaz de consolidar o resultado, não alcançando nenhuma das 13 presidências regionais em disputa.
O «choque» sentido uma semana antes transformou-se num «suspiro de alívio», para o que muito terá contribuído o aumento da taxa de participação em dez pontos percentuais (de 49,9% para 59,14%).
Porém, o esforço de concentração de votos, que levou o Partido Socialista a desistir em duas regiões em que era terceira força, permitiu à direita (republicanos-democratas independentes-movimento democrático) conquistar sete regiões com um total de 43 milhões de habitantes, ou seja, quase dois terços da população do país.
Por seu turno, o Partido Socialista, em cujas listas se integraram candidatos da Frente de Esquerda e dos Verdes, conservou apenas cinco regiões, com uma população total de 20 milhões de habitantes.
Na Córsega, a 13.ª região, os nacionalistas locais venceram pela primeira vez, conquistando a presidência.
Para o conjunto dos partidos da esquerda parlamentar, os resultados são sofríveis, sobretudo se comparados com as posições alcançadas em 2010.
Com efeito no anterior escrutínio, os socialistas venceram em 21 das 22 regiões então existentes (a redução do número de regiões foi aprovada em Dezembro de 2014, por iniciativa do presidente, François Hollande).
Dando conta de que os comunistas e a Frente de Esquerda só elegeram representantes em cinco regiões, o secretário nacional do PCF, Pierre Laurent, reconheceu que «para o PCF» se trata «de um revés eleitoral importante». «A responsabilidade das políticas conduzidas por François Hollande e Manuel Valls e os seus governos é muito pesada neste desastre», disse ainda o dirigente do PCF na noite das eleições.
Por outro lado, apesar de os planos da extrema-direita terem sido gorados, o partido de Marine Le Pen obteve perto de 29 por cento dos votos, ou seja, um resultado superior aos 27,7 por cento obtidos na primeira volta.
Por isso, o desfecho eleitoral não foi recebido com triunfalismo. O perigo da extrema-direita permanece intacto e poderá manifestar-se de novo nas presidenciais do próximo ano.