Nova greve geral paralisa a Grécia

Lutar pelos direitos sociais

Dezenas de milhares de trabalhadores manifestaram-se em dezenas de cidades da Grécia, durante a jornada de greve geral de dia 3, contra as políticas de austeridade.

Em defesa da segurança social e das pensões

Pela segunda vez em menos de um mês, os principais sectores de actividade voltaram a paralisar na Grécia, em protesto contra a aplicação das medidas acordadas pelo governo com os credores europeus, em particular a reforma do sistema de pensões, para permitir uma «poupança» equivalente a um por cento do Produto Interno Bruto.

Exigindo o fim da austeridade prometido pelo governo de Tsipras, os principais sindicatos realizaram várias manifestações na capital, Atenas. Pela manhã desfilaram trabalhadores ligados às confederações GSEE (sector privado) e ADEDY (sector público), seguindo-se a grande manifestação da Frente Sindical de todos os Trabalhadores (PAME), que também desembocou na Praça Sintagma frente ao parlamento. Os profissionais da saúde manifestaram-se numa iniciativa autónoma frente ao Ministério da Saúde.

A paralisação abrangeu toda a administração central do Estado, escolas, hospitais, portos, transportes públicos urbanos, caminhos-de-ferro e ligações marítimas. Os controladores aéreos aderiram ao protesto realizando uma paragem de quatro horas.

No dia da greve geral não houve jornais nas bancas devido à paralisação de 24 horas feita na véspera pelos jornalistas dos diferentes meios de informação.

À semelhança do que já tinha feito na greve geral de 12 de Novembro, o Syriza, principal partido do governo, apelou à participação na jornada de luta, assegurando que o novo sistema que pretende aplicar irá garantir o carácter distributivo e social das pensões.

Tolerância esgotada

Mas poucos parecem acreditar nas boas intenções do governo. A Confederação Geral de Trabalhadores da Grécia, citada pela Prensa Latina, apelou à rejeição do terceiro memorando, recordando que já lá vão «seis anos de ataque aos direitos laborais e redução do poder de compra». Por isso, alerta que os «limites da tolerância e resistência da sociedade e dos trabalhadores estão esgotados» e sublinha que as novas medidas do governo levarão ao «colapso dos fundos públicos de pensões e a um beco sem saída que acabará por desmantelar o resto da economia».

Também a Confederação dos Funcionários Públicos repudiou a reforma das pensões e apelou à intensificação da luta para «derrotar uma política impopular ao serviço dos bancos, da União Europeia, do FMI e do capital».

Por seu turno, a PAME declarou que prosseguirá a luta em defesa da segurança social, das pensões e dos cuidados de saúde, e pela compensação das perdas sofridas pelos trabalhadores nos últimos anos. A PAME alertou ainda que está em preparação uma nova ofensiva antilaboral que visa a redução dos salários e liberalização dos despedimentos.

Entretanto, os trabalhadores dos transportes anunciaram a criação de uma frente comum de luta, que marcou greves para a primeira quinzena deste mês e uma ocupação simbólica na próxima terça-feira, 15, data em que se inicia o processo de privatização do porto do Pireu.

 



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