Calamidades

Manuel Rodrigues

João Calvão da Silva Silva, o recém-empossado ministro da Administração Interna do Governo PSD/CDS esteve na passada segunda-feira em Albufeira onde fez uma espécie de estreia como titular daquela pasta.

Perante a enorme catástrofe que se abateu sobre aquela região, com avultados prejuízos, a ruína de muita gente e a perda de uma vida humana, a ministerial criatura, esperamos que por muito pouco tempo, resolveu prestar declarações. E, num mediático lamento que a história certamente há-de registar, afirmou solenemente: «a fúria da natureza não foi nossa amiga. Deus nem sempre é amigo. Também acha que de vez em quando nos dá uns períodos de provação».

Não deu certezas sobre a declaração de calamidade social reclamada pela Câmara Municipal de Albufeira nem falou dos apoios justamente pretendidos. Recomendou às pessoas, isso sim, que guardem um pé de meia para, no futuro, perante semelhantes intempéries e desgraças, recorrerem aos seus Seguros. Sobre a vida perdida, acrescentou: «entregou-se a Deus e Deus com certeza lhe reserva um lugar adequado».

Na mesma semana, o empossado ministro da Administração Interna foi protagonista de outro episódio que certamente enriquecerá o seu currículo e lhe deixará o merecido pedestal. Apesar de estar a prazo no Governo, terá dado ordens para que as forças de segurança (GNR e PSP) lhe preparem uma cerimónia oficial de boas-vindas.

Que se apressem as forças de segurança na preparação da superiormente requerida cerimónia. Realizem-na quanto antes, de preferência, ainda esta semana. E, na próxima terça-feira, serão os trabalhadores e o povo a preparar a urgente despedida a que o PCP dará um determinante contributo ao apresentar na Assembleia uma moção de rejeição ao programa do Governo.

Ainda há pouco tempo tomaram posse e já dão mostras da sua verdadeira natureza. Antes que novas calamidades nos atinjam, o melhor é mesmo interromper a sua acção e abrir-lhes, pela luta, o caminho de saída.

 



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