Pela paz, contra os exercícios da NATO

Sábado há concentração em Lisboa

É já no sábado, 24, que se realiza em Lisboa um desfile pela paz e contra os exercícios militares da NATO, promovida por organizações e movimentos nacionais.

Lutar pela paz implica lutar pela dissolução da NATO

A acção está marcada para as 15 horas, na Rua do Carmo, seguindo depois para a Praça Luís de Camões, onde terão lugar as intervenções dos representantes das organizações promotoras (Ilda Figueiredo, pelo CPPC; Augusto Praça, pela CGTP-IN; Ana Souto, pelo MDM; Vítor Silva, pelo MPPM; e Ricardo Brites, pela direcção da Associação de Estantes do ISEL) e a actuação dos músicos Sebastião Antunes, Duarte, Luís Pucarinho e o duo Luís e Francisco. A actriz Fernanda Lapa declamará alguns poemas dedicados à paz. A partir das 10 horas, no mesmo local, há jogos tradicionais portugueses.

Estas iniciativas culminam o programa de acções realizadas sob o lema «Sim à Paz! Não aos exercícios militares da NATO», que decorreram ao longo das últimas semanas. Depois de, no dia 12, ter tido lugar um acto público no Porto (de que demos nota na edição passada), realizou-se anteontem uma tribuna pública em Setúbal e, na véspera, um colóquio na Casa do Alentejo, em Lisboa. Hoje, em todo o País, está a ser distribuído o jornal editado pelas organizações promotoras das acções pela paz e contra os exercícios da NATO numa jornada de afirmação e mobilização para o desfile de sábado.

A NATO ali tão perto...

Em Setúbal, o apelo à participação na acção de dia 24, em Lisboa, foi o mote da apresentação de Fernando Casaca, actor e director do Teatro do Elefante, que animou a Tribuna Pública que ocorreu nesta terça-feira, dia 20, na Praça do Bocage.

Dezenas de participantes corresponderam ao apelo do conjunto de organizações, associações e movimentos, entre os quais o CPPC, a União dos Sindicatos de Setúbal, o MDM, a URAP, a Associação de Amizade Portugal-Cuba, a Associação Conquistas da Revolução e a JCP, que viram as suas intervenções acompanhadas pelo testemunho de André Martins, vice-presidente da edilidade. Contra as manobras em curso em Santa Margarida e Beja, e em Setúbal/Tróia, assumidas como plataforma portuária da entrada de viaturas e outros equipamentos e meios militares, levantaram a voz em sua representação Baptista Aves, Luís Leitão, Bernardina Barradas, Pedro Soares, Filipe Narciso, Nuno Lopes e Paulo Costa.

Este empenhamento na defesa dos valores de Abril, da paz e da independência nacional, na cooperação com todos os povos do mundo, assentou como luva na mão na evocação dos 250 anos do nascimento de Bocage, ali presente na coluna sadina, e do poema de Laureano Rocha a que Mário Regalado moldou a música: «Ó rio Sado de águas mansas que pró mar vais a correr, não leves minhas esperanças, sem esperanças não sei viver».

Razões para agir

No colóquio de Lisboa, o vice-presidente do CPPC, Rui Namorado Rosa, denunciou os propósitos agressivos da NATO, que mais do que duplicou o número de países membros – dos 12 fundadores para os actuais 28 – e que foi avançando as suas fronteiras cada vez mais para Leste, encontrando-se actualmente às portas da Rússia. As «parcerias» estabelecidas com diversos países e as inúmeras bases que detém nos vários continentes, coloca-a em praticamente todo o mundo, acrescentou. Para o dirigente do CPPC, a NATO expressa a «ambição mundial» dos EUA, pelo que a sua existência e reforço são «contrários aos interesses dos povos», incluindo do povo português. A Constituição da República Portuguesa, lembrou, prevê a «dissolução dos blocos político-militares».

Intervindo em nome da CGTP-IN, Augusto Praça justificou o envolvimento da central sindical na luta pela paz com o pressuposto de que «sem paz não há direitos, não há desenvolvimento nem há futuro». Garantindo não haver qualquer justificação para a existência de um «instrumento de agressão e opressão» como é a NATO, o dirigente sindical reafirmou a necessidade de lhe pôr fim o quanto antes.

A representante do MDM, Ana Souto, realçou as consequências negativas da guerra para a generalidade das mulheres, rejeitando que a resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU (que aponta, entre outras questões, para uma maior presença feminina em acções militares e de «manutenção de paz») constitua um motivo de orgulho ou um qualquer ganho para a luta emancipadora das mulheres: «Não serão as armas nem as guerras a conquistar a igualdade», rematou.

Ricardo Brites, da Associação de Estudantes do ISEL, valorizou o envolvimento da juventude na luta pela paz e denunciou o desvio de verbas necessárias à educação para fins militares. Adaptando um exemplo publicado no jornal das organizações promotoras das acções contra os exercícios da NATO, o dirigente estudantil denunciou a iniquidade que constitui o facto de um único porta-aviões norte-americano (o Gerald Ford) custar tanto como 37 anos de propinas do Ensino Superior público para todos os estudantes portugueses.

Antes das intervenções, Manuel Diogo e Rui Lopo declamaram poemas de Natália Correia, Mahmoud Darwich e João Pedro Mésseder relativos à paz, aos horrores da guerra e à imperiosa necessidade de travar os que a fomentam.




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