Batalhas pelo futuro

Octávio Augusto (Membro da Comissão Política)

O Comité Central do Partido saudou muito justamente os «milhares da candidatos e activistas, os militantes do PCP, do PEV, da ID e independentes, a juventude CDU, que com a sua generosa dedicação e com a sua intervenção insubstituível contribuíram para esclarecer, mobilizar e fazer crescer uma sólida confiança de que é possível uma vida melhor e mais digna».

Os votos na CDU resultam de um trabalho persistente e militante

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Considerou ainda que a CDU «fez uma notável campanha de esclarecimento e mobilização, com uma grande participação popular que se projecta para além das eleições. Uma campanha baseada na verdade, no trabalho, na honestidade, na competência e na seriedade, que são valores que assumimos e não abandonamos». A CDU realizou uma grande campanha de massas ao longo de muitos meses, apostada no contacto directo, na conversa, nas iniciativas de rua, dos grandes centros às pequenas localidades, bairros e aldeias. Uma campanha em que se integrou a grande marcha «A Força do Povo» e o grandioso comício da Festa do Avante!.

Contra a corrente do silenciamento, da discriminação, da filtragem e distorção da análise, da mensagem e das propostas, não raras vezes condimentada com a calúnia e a difamação, em contraste com a amplificação e promoção de outros, a nossa campanha distinguiu-se de todas as outras pelo seu conteúdo e pela proximidade das pessoas e dos seus problemas. Ao contrário de outros, que só lá voltam quando voltar a haver eleições, o contacto, a mobilização, o esclarecimento são parte integrante da nossa acção e intervenção do dia-a-dia. Um capital de reconhecimento que vai muito mais além do período eleitoral.

No caso da adesão à CDU, cada voto tem muita «mão-de-obra incorporada», não nos veio parar às mãos. Resultou desse trabalho persistente, paciente e militante. As sementes que plantámos, nem todas cresceram a tempo de se exprimirem no dia 4 de Outubro; muitas delas ganharão expressão num futuro mais ou menos próximo.

Organização e intervenção

Não serão poucos aqueles que agora perceberam que afinal não elegeram um primeiro-ministro, mas sim 230 deputados; que o PSD e o CDS passaram a estar em minoria no parlamento; que era verdade que cada deputado eleito pela CDU seria um a menos para sustentar a política de direita; que o voto na CDU contou, e de que maneira, para os derrotar.

E dentro de pouco tempo irão verificar que honramos os nossos compromissos. Que mais uma vez, na hora da verdade, é connosco que contam ao seu lado na defesa dos seus interesses e aspirações. E a história repetir-se-á. Os nossos deputados serão conhecidos e reconhecidos por todo o lado.

Transpor para o dia-a-dia da nossa acção e intervenção as experiências positivas desta campanha e fazer delas uma boa rotina de trabalho para os militantes e organizações do Partido é o desafio para o qual estamos todos convocados. Da concretização das decisões do Comité Central que visam precisamente reforçar a organização para melhorar a intervenção do Partido depende em larga medida a concretização desse objectivo para uma maior acção e intervenção a todos os níveis da organização partidária.

No futuro imediato, somos chamados a intervir na complexa e muito importante batalha das eleições presidenciais. O histórico de 10 anos de Cavaco, a somar à sua mais recente e inqualificável actuação ao arrepio da Constituição, traz à evidência a importância de que se reveste a eleição de um Presidente da República que cumpra e faça cumprir a Lei Fundamental do País.

Vencer a mais que provável desvalorização da nossa candidatura, desmontar a velha ideia de que – por mais que afirmemos o contrário – se trata duma candidatura para cumprir calendário e usar os tempos de antena e, ao mesmo tempo, afirmar os objectivos da candidatura do nosso camarada Edgar Silva são desafios com que estamos confrontados.

 



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