Batalhas pelo futuro

Octávio Augusto (Membro da Comissão Política)

O Co­mité Cen­tral do Par­tido saudou muito jus­ta­mente os «mi­lhares da can­di­datos e ac­ti­vistas, os mi­li­tantes do PCP, do PEV, da ID e in­de­pen­dentes, a ju­ven­tude CDU, que com a sua ge­ne­rosa de­di­cação e com a sua in­ter­venção in­subs­ti­tuível con­tri­buíram para es­cla­recer, mo­bi­lizar e fazer crescer uma só­lida con­fi­ança de que é pos­sível uma vida me­lhor e mais digna».

Os votos na CDU re­sultam de um tra­balho per­sis­tente e mi­li­tante

Image 19182

Con­si­derou ainda que a CDU «fez uma no­tável cam­panha de es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação, com uma grande par­ti­ci­pação po­pular que se pro­jecta para além das elei­ções. Uma cam­panha ba­seada na ver­dade, no tra­balho, na ho­nes­ti­dade, na com­pe­tência e na se­ri­e­dade, que são va­lores que as­su­mimos e não aban­do­namos». A CDU re­a­lizou uma grande cam­panha de massas ao longo de muitos meses, apos­tada no con­tacto di­recto, na con­versa, nas ini­ci­a­tivas de rua, dos grandes cen­tros às pe­quenas lo­ca­li­dades, bairros e al­deias. Uma cam­panha em que se in­te­grou a grande marcha «A Força do Povo» e o gran­dioso co­mício da Festa do Avante!.

Contra a cor­rente do si­len­ci­a­mento, da dis­cri­mi­nação, da fil­tragem e dis­torção da aná­lise, da men­sagem e das pro­postas, não raras vezes con­di­men­tada com a ca­lúnia e a di­fa­mação, em con­traste com a am­pli­fi­cação e pro­moção de ou­tros, a nossa cam­panha dis­tin­guiu-se de todas as ou­tras pelo seu con­teúdo e pela pro­xi­mi­dade das pes­soas e dos seus pro­blemas. Ao con­trário de ou­tros, que só lá voltam quando voltar a haver elei­ções, o con­tacto, a mo­bi­li­zação, o es­cla­re­ci­mento são parte in­te­grante da nossa acção e in­ter­venção do dia-a-dia. Um ca­pital de re­co­nhe­ci­mento que vai muito mais além do pe­ríodo elei­toral.

No caso da adesão à CDU, cada voto tem muita «mão-de-obra in­cor­po­rada», não nos veio parar às mãos. Re­sultou desse tra­balho per­sis­tente, pa­ci­ente e mi­li­tante. As se­mentes que plan­támos, nem todas cres­ceram a tempo de se ex­pri­mirem no dia 4 de Ou­tubro; muitas delas ga­nharão ex­pressão num fu­turo mais ou menos pró­ximo.

Or­ga­ni­zação e in­ter­venção

Não serão poucos aqueles que agora per­ce­beram que afinal não ele­geram um pri­meiro-mi­nistro, mas sim 230 de­pu­tados; que o PSD e o CDS pas­saram a estar em mi­noria no par­la­mento; que era ver­dade que cada de­pu­tado eleito pela CDU seria um a menos para sus­tentar a po­lí­tica de di­reita; que o voto na CDU contou, e de que ma­neira, para os der­rotar.

E dentro de pouco tempo irão ve­ri­ficar que hon­ramos os nossos com­pro­missos. Que mais uma vez, na hora da ver­dade, é con­nosco que contam ao seu lado na de­fesa dos seus in­te­resses e as­pi­ra­ções. E a his­tória re­petir-se-á. Os nossos de­pu­tados serão co­nhe­cidos e re­co­nhe­cidos por todo o lado.

Transpor para o dia-a-dia da nossa acção e in­ter­venção as ex­pe­ri­ên­cias po­si­tivas desta cam­panha e fazer delas uma boa ro­tina de tra­balho para os mi­li­tantes e or­ga­ni­za­ções do Par­tido é o de­safio para o qual es­tamos todos con­vo­cados. Da con­cre­ti­zação das de­ci­sões do Co­mité Cen­tral que visam pre­ci­sa­mente re­forçar a or­ga­ni­zação para me­lhorar a in­ter­venção do Par­tido de­pende em larga me­dida a con­cre­ti­zação desse ob­jec­tivo para uma maior acção e in­ter­venção a todos os ní­veis da or­ga­ni­zação par­ti­dária.

No fu­turo ime­diato, somos cha­mados a in­tervir na com­plexa e muito im­por­tante ba­talha das elei­ções pre­si­den­ciais. O his­tó­rico de 10 anos de Ca­vaco, a somar à sua mais re­cente e in­qua­li­fi­cável ac­tu­ação ao ar­repio da Cons­ti­tuição, traz à evi­dência a im­por­tância de que se re­veste a eleição de um Pre­si­dente da Re­pú­blica que cumpra e faça cum­prir a Lei Fun­da­mental do País.

Vencer a mais que pro­vável des­va­lo­ri­zação da nossa can­di­da­tura, des­montar a velha ideia de que – por mais que afir­memos o con­trário – se trata duma can­di­da­tura para cum­prir ca­len­dário e usar os tempos de an­tena e, ao mesmo tempo, afirmar os ob­jec­tivos da can­di­da­tura do nosso ca­ma­rada Edgar Silva são de­sa­fios com que es­tamos con­fron­tados.

 



Mais artigos de: Opinião

Vale sempre a pena lutar

Num acórdão datado de 7 de Outubro, o Tribunal Constitucional declarou a inconstitucionalidade da ingerência do Governo na celebração de acordos colectivos de emprego público (ACEP) com as autarquias. Como refere o STAL, este comportamento do Governo «abusivo, ilegal e...

Mesmo quando não parece

Marcelo Rebelo de Sousa «revelou» na passada semana que será candidato à Presidência da República, isto é, nada que o seu percurso de 15 anos de comentador televisivo não fizesse suspeitar. Durante os últimos 15 anos, primeiro na RTP e depois na TVI, Marcelo...

Cai a máscara

A histeria colectiva que tomou conta da direita em Portugal face a um hipotético entendimento do PS com o PCP e o BE, com vista à formação de um governo com apoio maioritário no Parlamento, trouxe à superfície o anti-comunismo mais primário que se possa imaginar e...

A Maioria

Dê-se as voltas que se queiram sobre os resultados eleitorais, nenhuma poderá fugir de um facto: a direita, concentrada no «PAF» do PSD/CDS, obteve 38,8 por cento (1 981 459 votos), tendo contra si todos os outros resultados, que somam 50,9 por cento e 2 736 845 votos (considerando apenas os do...

Jihadistas imperiais

O perigo dum conflito catastrófico é hoje bem real. Atente-se nas declarações de alguns dos principais responsáveis da política externa da maior potência imperialista. Zbigniew Brzezinski, ex-Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA publicou no Financial Times...