Por melhores salários, sem discriminação

Greves na Bosch

A maioria dos trabalhadores da Bosch Car Multimedia, em Braga, fez greve por uma hora, na sexta-feira, 25, parando a produção e admitindo agravar as formas de luta, para ter resposta patronal ao caderno reivindicativo.

Só a luta romperá a posição inflexível da administração

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Durante os períodos de greve, de manhã e à tarde, para permitir a participação ao pessoal dos vários turnos, realizaram-se dois plenários de trabalhadores, com manifestação na Avenida Max Grundig, até junto do edifício principal da Bosch, para interpelar a administração sobre a falta de resposta às reivindicações apresentadas em Fevereiro.
Um dirigente do SITE Norte disse aos jornalistas que a administração tem andado a «empurrar com a barriga» as negociações, «para manter a ideia de que está aberta ao diálogo, mas tudo isto acaba por não se traduzir em negociação, acaba por não se traduzir em nada». Sérgio Sales, citado pela agência Lusa, admitiu que a luta de dia 25 «pode vir a ser um ponto de ruptura», porque os trabalhadores «estão fartos dessa situação e estão disponíveis para avançar com outras formas de luta, que podem ser dias inteiros de greve».
A exigência de aumento dos salários, sem discriminação, responde à prática da multinacional, que excluiu de actualização salarial trabalhadores associados do sindicato da Fiequimetal/CGTP-IN, e que também «subiu o salário dos trabalhadores precários e congelou o salário dos efectivos, principalmente dos mais antigos». Foi ainda denunciado o abuso de vínculos precários, que já assume a forma de estágios do Instituto de Emprego e Formação Profissional, colocando engenheiros a trabalhar por 680 euros.
À comunicação social, a administração declarou ter disponibilidade para ouvir os trabalhadores, manifestando «outra posição» quanto ao caderno reivindicativo. Estas declarações foram vivamente contestadas pelo sindicato e pelas organizações representativas. Num comunicado conjunto, emitido na segunda-feira, vieram lembrar que o caderno reivindicativo «foi construído pelos trabalhadores, de forma democrática, em discussões plenárias» e «os pontos que o compõem são reivindicações dos trabalhadores». Acusaram a administração de, com a sua posição inflexível de recusa de negociação – confirmada pelo administrador Carlos Ribas, no dia 25, que disse aos representantes dos trabalhadores considerar o caderno reivindicativo «um capítulo encerrado» –, forçar à realização de formas de luta, como a greve.
Nas acções da passada sexta-feira participou Rogério Silva, membro da Comissão Executiva da CGTP-IN e coordenador da Fiequimetal.

 



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