A maior das mistificações
O domínio do poder político pelo poder económico, a concentração de capitais na comunicação social e o controlo dos media dominantes pelos grupos económicos, a manipulação e degradação da qualidade e pluralidade informativas, a formatação cultural, a delapidação de valores e do regime democrático criaram uma deriva de «ditadura mediática» e «pensamento único» contra os interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
Mas é grande o repúdio de massas pela política de direita e por esta desgraçada situação. O poder económico-mediático sabe que o PSD/CDS, por muitas sondagens que manipule e votos que compre, não vai evitar a «banhada» eleitoral. Por isso, a questão que se coloca aos grandes interesses é garantir que a política de direita prevalece pela mão do PS, ou com um governo sem maioria, ou em coligação, formal ou factual.
No limiar da campanha eleitoral, está em marcha uma brutal operação político-mediática para garantir a política de direita e impedir o crescimento da CDU, cujo reforço, mais cedo que tarde, porá fim ao «vira o disco e toca a mesma».
O sistema mediático e os partidos da política de direita montaram o grande espectáculo do debate Coelho-Costa. O duelo de western, com um marketing avassalador, uma encenação de luxo, guiões de fuga a temas de que PS e PSD/CDS nem querem falar – renegociação da dívida, ou trabalho com direitos. A grande mistificação, para afastar a possibilidade de uma ruptura, forçar a bipolarização e a alternância sem alternativa e garantir os interesses do grande capital.
Do debate fica escassa substância, um quase nada diferencia as políticas de PS e PSD/CDS – na Segurança Social não estão de acordo no tipo de plafonamento mas «apenas» em continuar os cortes; sobre a troika concordam em acusar-se mutuamente pela desgraça, que querem prosseguir; sobre Sócrates concordam em dizer que não falam do sujeito e no «passa culpas» do papel de cada um na respectiva política.
O poder económico-mediático, no rescaldo deste embuste, joga tudo no PS e no Costa, como líder para a política de direita, sobrando para o PSD/CDS todos os apoios necessários às manobras e alianças futuras.
Falta agora que, em 4 de Outubro, o povo reforce o PCP e a CDU e trace o rumo para um Portugal com futuro.