Acidentes mortais

«É preciso intensificar a luta por melhores condições de vida e de trabalho, pela afirmação da importância da prevenção dos riscos profissionais e pela concretização do direito à segurança e saúde no trabalho», apelou a CGTP-IN, no dia 20, a propósito de um acidente de trabalho que provocou a morte de dois trabalhadores, em Abrantes, na construção da nova Unidade de Saúde Familiar. Nessa mesma quinta-feira, apenas três dias passados sobre esta tragédia, um trabalhador morreu nas obras da futura A26, perto de Ferreira do Alentejo.

O Sindicato da Cerâmica, Cimentos e Construção do Sul e Regiões Autónomas, que em cada um dos acidentes veio exigir o apuramento de todas as responsabilidades, alargou essa exigência aos acidentes anteriores que estão em averiguação, sem conclusões conhecidas: 38 acidentes em 2014 e 29 em 2015.

A redução de competências e meios técnicos e humanos da Autoridade para as Condições do Trabalho, decidida pelo actual Governo, está a impedir a ACT de desempenhar cabalmente as suas funções, o que contribui «decisivamente» para o aumento da sinistralidade, acusa o sindicato da Feviccom/CGTP-IN, na nota de imprensa de dia 21.

Perante as quase duas dezenas de acidentes mortais ocorridos este ano na construção, o sindicato perguntou ainda, no dia 19, se «num sector fortemente marcado por dificuldades de tesouraria de muitas empresas, estará a segurança dos trabalhadores a ser remetida para segundo plano».

O apuramento cabal de responsabilidades foi também exigido pela Intersindical, que criticou o desinvestimento na prevenção dos riscos profissionais e na promoção da segurança e saúde no trabalho. «Normalmente, os acidentes de trabalho resultam da falta de condições de trabalho, da ausência de políticas de prevenção e da desvalorização da vida e da saúde dos trabalhadores», recorda a central, colocando o foco na política de desinvestimento público, com reflexos na falta de inspectores do trabalho, levando ainda a que as empresas prefiram arriscar-se a pagar multas, em vez de investirem na segurança.

 



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