Um rumo ao contrário
«Não só não responde aos principais problemas do País, dos trabalhadores e da população, como é contrário aos seus justos interesses e aspirações», declarou a CGTP-IN, sobre o programa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP.
Os partidos do Governo tentam omitir os resultados da sua acção
A confederação pronunciou-se no dia 30, em conferência de imprensa, sobre as linhas gerais apresentadas na véspera por Passos Coelho e Paulo Portas. Acusando os partidos que estão no Governo desde Junho de 2011 de tentarem «subverter os factos e omitir os impactos da sua política», a Intersindical alertou que o programa eleitoral da coligação PAF (Portugal à Frente), determinaria «mais quatro anos de retrocesso social, de estagnação económica, de empobrecimento da maioria para reforço da riqueza dos grandes grupos económicos e financeiros e dos seus detentores, de retirada de direitos que tantos anos demoraram a conquistar».
PSD e CDS-PP integram no seu programa medidas que «devem ser rejeitadas e fortemente combatidas, tal como deve ser rejeitado e combatido um Governo e uma coligação que actua contra os trabalhadores, contra os pensionistas, contra as crianças, contra os pais e as mães, contra a juventude, contra os mais pobres e mais necessitados, contra todos aqueles que querem ter perspectivas de um país com futuro e onde possam ser felizes».
Aquele programa eleitoral «é marcado por uma opção ideológica onde pontua o retrocesso social e civilizacional». A CGTP-IN nota «avanços quantitativos e qualitativos, nomeadamente quanto à exigência da revisão da Constituição e da reconfiguração do Estado, procurando torná-lo residual para os trabalhadores e global para o capital».
Representando «um acerto de contas com os direitos fundamentais de Abril e uma declaração de guerra aos direitos e interesses dos trabalhadores, do povo e do País», o programa do PSD e do CDS-PP para as eleições de 4 de Outubro enverga «uma roupagem diferente e envolta em propaganda», mas «não consegue esconder que o seu grande objectivo é salvar a política de direita, mesmo que para tal seja necessário destruir os pilares do desenvolvimento económico e social do País».
Na tomada de posição da Inter – que foi apresentada em conferência de imprensa pelo seu Secretário-geral, Arménio Carlos, acompanhado de Deolinda Machado e José Augusto Oliveira, membros da Comissão Executiva – reafirma-se que «Portugal precisa de uma ruptura com a política de direita e a adopção de uma política de esquerda e soberana, indissociável de um crescimento económico ao serviço da população, da criação de emprego de qualidade e com direitos, do aumento geral dos salários e das pensões, de uma política de valorização do trabalho e dos trabalhadores, de defesa e reforço das funções sociais do Estado e de cumprimento da Constituição».
No documento da Inter é dada especial atenção às propostas que apontam para agravar a degradação do emprego e dos direitos dos trabalhadores, comprovando como «PSD e CDS viram costas à valorização do trabalho e à dignificação dos trabalhadores e à melhoria das suas condições de vida». Merecem ainda destaque os conteúdos que acentuam o ataque às funções sociais do Estado, particularmente a Segurança Social, a Saúde e a Educação, bem como a política fiscal que favorece o capital e sobrecarrega os rendimentos do trabalho, e até propostas que surgem como apoio às famílias e à natalidade, mas apenas garantem os interesses das empresas.