GNR do lado dos patrões

A pedido da empresa, a unidade de intervenção da GNR esteve na base de Alfena (Valongo, Porto) da Chronopost na manhã de 30 de Julho, segundo dia de greve, e impediu a legal actuação do piquete. Ao revelar o caso, o Sindicato Nacional dos Correios e Telecomunicações lamentou que a GNR tenha actuado «como força de repressão, intervindo num conflito para o qual não tem mandato, tomando partido por uma entidade patronal que maltrata e explora a maioria dos seus trabalhadores».
Esta intervenção policial, comentou o sindicato da Fectrans/CGTP-IN, revelou que «a greve está a ser um êxito» e mostrou «o desespero da administração».
Na quarta-feira, o sindicato deu conta de uma adesão de 75 por cento no primeiro dia de greve e denunciou a contratação ilegal de «mais de 15 assalariados» para substituírem quem decidiu juntar-se à luta. Nesse comunicado, o SNTCT lembrou que a marcação de uma reunião com a administração evitou a realização da greve marcada para 20 e 21 de Maio. Dias depois, a 26, a Chronopost comprometeu-se a responder a cada uma das reivindicações apresentadas. Mas nada disse, ao fim de mês e meio, e aqueles trabalhadores avançaram com a greve, que o sindicato admite poder alargar-se a outros centros da empresa.
Em causa está o cálculo dos subsídios de férias e de Natal, contando as prestações complementares (trabalho suplementar, trabalho nocturno), uma compensação pelo acréscimo de encargos com transportes depois da mudança para instalações a cerca de quatro quilómetros, e a remuneração do trabalho suplementar sem os cortes impostos desde 2012.
 

Carta à ministra 

A ministra da Administração Interna deve tomar «as medidas necessárias para que os direitos fundamentais dos trabalhadores sejam respeitados, nomeadamente o direito de greve, de forma a que situações desta natureza não se voltem a repetir» – solicitou a CGTP-IN, numa carta enviada a Anabela Rodrigues no dia 30.
Num conflito laboral e sem qualquer ocorrência que justificasse a presença da GNR, a sua unidade de intervenção pôs em causa a actuação do piquete de greve, uma atitude «tanto mais inadmissível quanto, sem indagar sobre o que estava a acontecer, pura e simplesmente, optou por se posicionar do lado da entidade patronal». Na carta à ministra, a Intersindical considera este tipo de comportamento ilícito, integrando-se numa «linha de intervenção intimidatória e atentatória do direito constitucional de greve, que não pode deixar de ser condenada».

Na semana anterior, como noticiámos, foram denunciadas intervenções semelhantes da GNR em conflitos laborais na Transucatas (Seixal) e na Scotturb (Alcabideche).

 



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