Produtores de leite protestam
Muitas centenas de produtores, com tractores e máquinas agrícolas, desfilaram, dia 15, na marcha de protesto que a APROLEP (Associação de Produtores de Leite de Portugal) e a AJADP (Associação de Jovens Agricultores do Distrito do Porto) promoveram entre Vila do Conde e Póvoa de Varzim, visando sensibilizar a população e o sector da distribuição para a importância do consumo de leite e derivados produzidos em Portugal, bem como chamar a atenção para a situação crítica que os produtores atravessam.
Em comunicado, a APROLEP sublinha que, no último ano, «o preço do leite ao produtor baixou 25 por cento» e que, em Maio, se registou «um preço médio de 28,3 cêntimos/quilo de leite ao produtor, bem longe dos 35 cêntimos que pode atingir os custos de produção». Assim, a falta de liquidez leva muitos a encarar a perspectiva do abandono da actividade ou o aumento do endividamento.
No documento, afirma-se que esta situação decorre do fim das quotas leiteiras, da redução do consumo, das dificuldades de exportação para mercados tradicionais e do facto de, pese embora a quantidade e qualidade do produto nacional, se continuar a importar leite. Para a associação, o Governo deve defender a produção nacional junto da União Europeia (UE), cabendo-lhe também fiscalizar as importações a preços «estranhamente baixos», dinamizar as exportações e actuar como mediador numa repartição mais justa do valor do leite entre a produção, a distribuição e a indústria.
Uma delegação do PCP, constituída por João Frazão, membro da Comissão Política, pelo deputado Jorge Machado e por Camilo Gomes, eleito na Assembleia de Freguesia de Vila do Conde, esteve presente no protesto em solidariedade com a «justa luta» dos produtores de leite, que se confrontam com as consequências do fim das quotas leiteiras que PS, PSD e CDS aprovaram na UE e enfrentam a «ditadura das grandes cadeias de distribuição, que actuam à margem de todas as regras, com a cumplicidade do Governo». A delegação recordou ainda as iniciativas que tem levado a efeito na Assembleia da República com vista à criação de um «sistema de regulação da produção», assegurando a soberania alimentar do País e a defesa dos cerca de 6000 produtores nacionais.