Belgas protestam contra subida
da idadeda reforma

Mais tempo, menos pensão

Mais de seis mil pessoas participaram na acção de luta contra a subida da idade da reforma, promovida, na segunda-feira, 15, em Bruxelas.

A esperança de vida em boa saúde é de 65 anos

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A jornada foi organizada pela frente comum sindical, que junta as centrais FGTB (socialista), a CSC (católica) e a CGSLB (liberal), no âmbito de uma série de acções temáticas contra as políticas anti-sociais do governo belga.

Depois da manifestação da juventude, em 12 de Maio, e do desfile de 4 de Junho contra as medidas que atingem as mulheres, os sindicatos quiseram desta vez dar expressão à oposição dos trabalhadores e pensionistas à reforma do sistema de pensões, designadamente as medidas que visam o aumento da idade de aposentação para os 67 anos e a redução do valor da pensão.

As três organizações sindicais acusam o governo de impor unilateralmente não só o aumento da idade, mas também um conjunto de mecanismos que irão reduzir o montante da pensão.

Com efeito, estas medidas já foram aprovadas em Conselho de Ministros, a 5 de Junho, ainda antes de se iniciar o processo dito de «concertação» no âmbito do Comité Nacional das Pensões.

Os sindicatos exigiam, no mínimo, debater questões como a penosidade do trabalho, a esperança de vida em condições de boa saúde, alteração das regras em final de carreira, com vista a permitir aos trabalhadores permanecer activos mais tempo.

Com o único objectivo de cortar nas pensões, o governo belga desprezou os argumentos dos sindicatos e forças de esquerda que apontam a irracionalidade do aumento da idade da reforma para os 67 anos, num momento em que o desemprego juvenil se aproxima dos 25 por cento e existem no país mais de 650 mil desempregados.

Como nota a Frente Sindical, atrasar a entrada no mercado de trabalho dos jovens, com empregos estáveis, em nada ajudará ao financiamento das futuras pensões, obrigando-os a prolongar indefinidamente a sua carreira profissional para acederem a uma reforma digna.

Neste contexto, o governo de Charles Michel vai enfrentar uma firme resistência por parte dos trabalhadores à aplicação destas medidas.

Aliás, esse foi precisamente o tom dos vários intervenientes na concentração.

Um combate a travar

Marc Goblet, secretário-geral da FGTB, exigiu que os sindicatos sejam ouvidos e acusou o governo lançar para cima dos trabalhadores todo o peso do financiamento da segurança social. Como referiu, o problema real reside na falta de emprego.

Também Marie-Hélène Ska, secretária-geral da CSC, considerou que o aumento da idade da reforma é inaceitável e exigiu discutir o fundo da questão. «Continuamos a dizer ao governo que está a tomar medidas contra a população, e que a população não as aceitará», alertou.

Na perspectiva de Pierre Ledecq, da Juventude CSC, é prioritário reduzir o tempo de trabalho e ajudar os jovens a encontrar emprego.

Segundo as contas de Aubry Mairiaux, presidente da União Nacional dos Serviços Públicos, as medidas já aprovadas pelo governo traduzem-se numa redução de 20 por cento das futuras pensões.

Vários estudos têm alertado para os riscos de saúde decorrentes do prolongamento da vida activa. Na Bélgica, a esperança de vida em boa saúde não vai além dos 65 anos em média. Mas as disparidades são enormes nas diferentes camadas sociais e profissões.

 



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